O MEIO-DIA NA LITERATURA EXTRA-BÍBLICA


O meio-dia tornou-se tema das manifestações artísticas do homem nas mais diversas épocas e culturas. Os cineastas incluíram em seus roteiros, os pintores expressaram a sua beleza, os músicos fizeram do meio-dia melodia, os poetas incluíram-no nas linhas dos seus versos. Recordemos o poema de Alberto Caeiro, quando trata do meio-dia numa perspectiva religiosa:

Num meio-dia de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se longe (Apud:
PESSOA, 2008, p.25)

Outro poeta que declamou sobre o meio-dia foi Olavo Bilac, um dos mais exímios poetas brasileiros. Em seu poema “Meio-dia”, dá todo um rico significado do meio-dia relacionado-o aos aspectos: religioso, antropológico, cultural, cosmológico e social:

Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso
o regato.
Na igreja repica
o sino;
Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se, numa algazarra,
A merenda das sacolas.
O lavrador pousa a enxada
No chã
o, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando
o firmamento.
Nas casas ferve a panela
Sobre
o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.
Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa...
E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz,
o Trabalho (Apud: Henriqueta, 2001, p.70)

O meio-dia para os poetas citados tem forte conotação experiencial. Está relacionado aos acontecimentos cotidianos da vida, como: experiência religiosa, trabalho, a relação com a vida e a natureza.

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