A PAIXÃO DE CRISTO E A REDENÇÃO

A Paixão de Cristo exprime uma realidade profunda acerca do amor de Deus pela humanidade. Ao entregar livremente sua vida na Cruz (cf. Jo 10,18), Jesus revela pelo seu testemunho quem é Deus: amor, misericórdia, perdão.

Como um cordeiro, manso e humilde, Jesus se deixa imolar para com o seu Sangue nos purificar de todo o pecado. Ele se faz sacerdote e Cordeiro, o que oferece o sacrifício e o que é oferecido em sacrifício. Nas suas costas, Jesus carrega o peso dos pecados da humanidade, carrega nossas ingratidões, nossas desobediências, nossas infidelidades, nossos crimes, nossas injustiças. Assim escreveu o profeta Isaías no seu quarto cântico do Servo Sofredor:

Todavia, eram as nossas doenças que ele carregava, eram as nossas dores que ele levava em suas costas. Mas ele estava sendo transpassado por causa de nossas revoltas, esmagado por nossos crimes. Caiu sobre ele o castigo que nos deixaria quites; e por suas feridas é que veio a cura para nós (53,4-5).

Jesus é o Bom Samaritano. Carrega-nos não nos seus ombros, mas no seu coração. Seu coração arde de amor por todos e por cada um de nós. Do seu lado aberto pela lança, foram derramados a Água e o Sangue do amor, que gera vida na nossa vida. Do santuário do seu coração, derramados são rios de misericórdia e de amor. O coração de Cristo transpassado na cruz é fonte de amor perene. Sempre nele podemos mergulhar nossas vidas. Nele os pobres podem mergulhar suas necessidades; os tristes, suas tristezas; os pecadores, seus pecados; os fracos, suas fraquezas; os doentes, suas doenças; os desesperados, a sua esperança. A Paixão de Jesus é a proclamação solene da loucura do amor de Deus pela humanidade. Ele é a própria manifestação do amor de Deus, como diz São João:

Pois Deus amou de tal forma o mundo, que entregou o seu filho único, para que todo o que nele acredite não morra, mas tenha vida eterna. De fato, Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, e sim para que o mundo seja salvo por meio dele (Jo 3,16).

O significado bíblico da Redenção é muito profundo. Não é simplesmente uma expiação de pecado. Mas como bem define Hitz (2007, p. 156), a “redenção é essencialmente e radicalmente aquela maravilhosa e milagrosa intervenção de Deus, que liberta os seres humanos decaídos da escravidão e da condenação para introduzi-lo em seu reino”.

A Paixão e Morte de Cristo proporcionaram a justificação do homem. Diz o apóstolo Paulo: “visto que todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus – e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo” (Rm 3,23).

A Paixão de Cristo trouxe para o homem a libertação dos seus pecados (cf. Cl 1,14). Como bem disse São Cirilo de Jerusalém (In: LITURGIA DAS HORAS, v. III, 1995, p. 136) em uma de suas catequeses, “a glória da cruz encheu de luz os que estavam cegos pela ignorância, libertou os cativos do pecado, remiu o universo inteiro”.

Segundo Santo Tomás de Aquino (1995) tudo o que Jesus assumiu da natureza humana foi para a nossa salvação, reconciliação e purificação dos nossos pecados. Ao pagar o preço pelos nossos pecados pelo derramamento do seu sangue (cf. At 20,28), Jesus oferece todas as possibilidades para que possamos viver santamente, pois como disse o papa São Leão Magno (In: LITURGIA DAS HORAS, v. II, 1995, p. 322), a cruz de Jesus “é fonte de todas as bênçãos e origem de todas as graças. Por ela, os que crêem recebem na sua fraqueza a força, na humilhação, a glória, na morte, a vida”.

Jesus foi o grande dom do Pai (entregou=edoken) para que nós reencontrássemos uma vida repleta de felicidade. Neste sentido, a Cruz de Cristo não pode ser compreendida somente a partir de uma visão pessimista da dor e do sofrimento. A partir de uma visão positiva descobrimos que há uma beleza na Cruz de Cristo. Nela, a vida e a alegria se manifestam abundantemente.

Para quem sente com o espírito de Jesus Cristo, a cruz é alegre porque é redentora e porque para ele é caminho não de morte mas de vida. Não apenas de uma vida ultra-terrena, no mais além, mas desta vida presente, na qual o homem tem as suas ocupações diárias e a sua tarefa, onde se forja a futura. E é precisamente no sereno optimismo com que o cristão encara a dor quando ela se apresenta – ou quando a procura, mas sem retorcer a sua alma – que se encontra o ponto de apoio que dá segurança à sua vida terrena e sabor sobrenatural às coisas deste mundo (AYALA, In: RÉGAMEY, 1959, p. 19).

Jesus, como diz o autor da Carta aos Hebreus, “levado à perfeição, se tornou para todos os que lhe obedecem princípio de salvação eterna” (5,9). Não há outro meio de encontrar a salvação e a santidade a não ser em Jesus. “Assim, todas as graças de santidade, de redenção, de salvação das quais tiramos proveito agora e doravante, inclusive na vida eterna, tudo isso nos é dado em nossa união com o Corpo glorificado de Cristo” (HITZ, 2007, p. 185).

Pela árvore da Cruz, Jesus nos abre novamente as portas do céu fechadas por Adão e Eva e nos introduz na vida divina. Magistralmente disse Forte:

A cruz é a expressão finita, no sinal do contrário, do acontecimento da vida infinita que se desenvolve no seio de Deus: por isso ela é a humilde porta que abre aos homens o mundo de Deus, é a Porta dos Humildes, que desvela, ao que se faz pobre, os mistérios das fontes ternas (FORTE, 1985, p. 289-290).

Ao oferecer sua vida na cruz, Jesus nos devolve a esperança e nos reconcilia com Deus. Recorda-nos o apóstolo dos gentios:

Lembrai-vos de que naquele tempo estáveis sem Cristo, excluídos da cidadania de Israel e estranhos às alianças da Promessa, sem esperança e sem Deus no mundo! Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que outrora estáveis longe, fostes trazidos para perto, pelo sangue de Cristo (Ef 1,12-13).

A Paixão de Cristo aproxima o homem de Deus e o interpela a se afastar do pecado. Uma vez que o homem foi justificado, abrem-se todas as possibilidades para que ele possa viver segundo a prática das virtudes. Deus já lhe deu gratuitamente a salvação. No entanto, ela precisa ser assumida pelo homem. Deus não pode salvar se o homem não se abre para acolher a sua graça.

Para que a ação salvífica de Cristo na cruz seja eficaz na nossa vida exige que estejamos dispostos a fazer o processo de “interiorização da Redenção”. Fazer esse processo de interiorização da Redenção significa realizar a redenção em nós mesmos, procurando imitar os exemplos do Redentor. Esse processo de interiorização chegará ao término quando cada um puder dizer como o apóstolo Paulo: “Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. Minha vida presente na carne, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2,20).

A NARRATIVA DA PAIXÃO DE CRISTO NO QUARTO EVANGELHO


A narrativa da Paixão e Morte de Jesus se encontra nos quatro Evangelhos. Porém, cada um traz elementos próprios. Diferente dos Evangelhos Sinóticos, João apresenta elementos peculiares. O mesmo apresenta um Jesus dramático em sua hora final (cf. Jo 13,1). Para João, Jesus não é uma vítima, mas alguém que escolhe livremente oferecer a sua vida (cf. Jo 10,17-18) (BROWN, 1988). O Jesus apresentado por João na sua hora final, portanto, na sua Paixão e Morte, é consciente:

Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar de mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim. Durante a ceia, quando já o diabo já pusera no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, o projeto de entregá-lo, sabendo que o Pai tudo pusera em suas mãos e que ele viera de Deus e a Deus voltara, levanta-se da mesa, depõe o manto e, tomando uma toalha, cinge-se com ela (Jo 13,1-4) (grifos nossos).

O verbo oida (sabendo) usado por João indica a plena consciência daquilo que se faz. “Esta consciência, como comenta Bortolini (2007, p. 83), está associada à hora de Jesus, que culmina com a morte na cruz. O que ele vai fazer, não o fará arrastado pelas circunstâncias, mas consciente de que abre o caminho de acesso ao Pai”.

Um dado importante da narrativa de João sobre a Paixão é o destaque que ele dá ao jardim. Em João, a Paixão tem seu início e término no jardim. Vejamos os dois textos bíblicos que tratam sobre isso:

Tendo dito isso, Jesus foi com seus discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com seus discípulos (Jo 18,1). Havia um jardim, no lugar onde ele fora crucificado e, no jardim, um sepulcro novo, no qual ninguém fora ainda colocado (Jo 19,41) (grifos nossos).

Não é por acaso que João destaca o jardim. Trata-se de uma alusão ao jardim do Éden. Nele, o velho Adão rejeita o projeto de Deus para si e se depara com a morte. Jesus, o novo Adão, acolhe o projeto de Deus e o assume até as últimas conseqüências oferecendo a sua vida para que pudéssemos ter vida plena. No antigo jardim, o homem fecha as portas do paraíso. No novo jardim, as portas do céu são reabertas por Jesus.

O relato da Paixão joanino se diferencia ainda dos Evangelhos Sinóticos por ser o único a usar a expressão “hora de Jesus”. Encontramos referencias a mesma no milagre das bodas de Caná (cf. Jo 2,4), no discurso de Jesus no templo (cf. Jo 7,30; 8,20), no seu anúncio sobre sua morte (cf. Jo 12, 23.27), na última ceia (cf. Jo 13,1) e na oração sacerdotal de Jesus (cf. Jo 17,1).

A “hora” de Jesus indica a sua glorificação, de seu retorno ao Pai. Neste sentido, para João a morte de Jesus na cruz não tem caráter negativo, não significa fracasso, derrota, mas, pelo contrário, em sua morte se manifesta a glória, a vitória. Para João é necessário que o Filho do homem seja elevado sobre a cruz (cf. Jo 3,14). Sua elevação é o início da manifestação de sua glória (cf. Jo 12, 23. 28-29), é vitória sobre o mau: “É agora o julgamento deste mundo, agora o príncipe deste mundo será lançado abaixo, e quando eu for elevado da terra atrairei todos a mim” (Jo 12,31-32). A “hora” de Jesus tornou-se também a nossa, pois, por meio da sua Paixão, Morte e Ressurreição todos nós fomos agraciados com a salvação.

Com relação ao episódio da prisão de Jesus (cf. Jo 18,1-12), João mostra que Jesus vai ao encontro de Judas e não é pego de surpresa como narra Marcos (14,43). Jesus não fica a espera rezando para que fosse afastado o seu cálice como atesta a tradição sinótica (cf. Mt 26,36-46), mas pelo contrário, em João Jesus está pronto para receber o cálice que o Pai lhe deu (cf. Jo 18,11). O Jesus joanino está decidido a assumir até as últimas conseqüências sua missão: “Minha alma está agora conturbada. Que direi? Pai, salva-me desta hora? Mas foi precisamente para esta hora que eu vim” (Jo 12,27).

O Jesus joanino não se encontra inclinado, não dobra os joelhos como em Lucas (22,41), não se prostra com o rosto em terra em oração como em Mateus (26,39), não cai por terra como em Marcos (Mc 14,35) ele permanece de pé, pois é Deus.

Se deve haver prostração no solo do jardim, este é o destino não de Jesus, mas dos soldados romanos e dos policiais judeus que vieram prendê-lo. Estes representantes do poder político, civil e religioso são abatidos quando Jesus usa o seu nome ‘Eu sou’ (18,6), mostrando ao leitor, de modo literal, que ninguém pode arrebatar a vida de Jesus a não ser que ele o permita (10,18) (BROWN, 1998, p. 68-69).

O julgamento de Jesus e a negação de Pedro (cf. Jo 18,13-27) são narrados por João diferente dos Evangelhos Sinóticos. Segundo o teólogo Brown (1998), na narrativa joanina, não há um procedimento formal diante de Caifás, mas um interrogatório diante de Anás para saber se Jesus admite algo de revolucionário em seu movimento ou ensinamentos.

Neste interrogatório, um Jesus absolutamente autoconfiante apresenta-se a Anás (18,20-21), de modo que seus captores são responsabilizados por injuriá-lo (18,22). O interrogatório deixa Anás, e não Jesus, embaraçado e sem respostas às perguntas (18,23) (BROWN, 1998, p. 69).

João não menciona nada a respeito do processo judaico, pois o mesmo já se encontra em todo o seu evangelho, desde o início quando os judeus enviam sacerdotes e levitas para interrogar quem era Jesus (cf. Jo 1,19), até a decisão das autoridades judaicas de matá-lo (Jo 11,49-53).

Quanto à negação de Pedro, João apresenta de modo completo o drama do apóstolo. João o identifica como um dos que cortaram a orelha do soldado (18,10), faz referência às simultâneas negações de Pedro e da autodefesa de Jesus, como ainda é o único a mencionar a presença de “outro discípulo” (Jo 18,15), cuja tradição o identifica como João, filho de Zebedeu. Sobre esse discípulo e sua relação com o apóstolo Pedro, comenta Brown:

Em cada cena, ele é introduzido quase como um contraste a Simão Pedro, a testemunha apostólica mais conhecida pela Igreja em geral; e, em cada cena, o discípulo amado salienta-se mais favoravelmente do que Pedro. Ele é sempre mais rápido ao ver, ao compreender e em acreditar, precisamente porque tem a primazia no amor de Jesus, que é uma marca da verdadeira condição de discípulo. Assim, o quarto evangelista conta-nos que seu Evangelho tem por trás uma autoridade preeminente e digna de confiança, uma mensagem que significaria talvez uma resposta aos outros cristãos, escandalizados pela exclusividade desta tradição comunitária sobre Jesus, tão marcadamente diferente da tradição sinótica, baseada em Marcos, que popularmente considerava Pedro como sua autoridade apostólica (BROWN, 1998, p. 70-71).

Sobre a presença de Jesus no tribunal romano (cf. Jo 18,28ss) convém destacar o foco que João dá ao seu comportamento. Em Marcos (15,5) Jesus silencia diante o interrogatório de Pilatos. João, ao contrário, apresenta um Jesus eloqüente que responde as falsas acusações e aos questionamentos dos seus opositores (cf. Jo 19,11) que assume o título de “Rei dos judeus” e testemunha a verdade (cf. Jo 18,37).

Tão eloqüente e seguro de si mesmo é Jesus no quarto Evangelho, que raramente podemos falar do julgamento de Pilatos; ao contrario, esse é colocado em julgamento para ver se era um ‘homem da verdade’. Pilatos pode pensar que tem poder para julgar Jesus, mas este lhe diz calmamente que ele não tem uma autoridade independente (19,10-11). Não é Jesus que teme Pilatos; é Pilatos quem tem medo de Jesus, o Filho de Deus (19,7-8) (BROWN, 199, p. 72).

As narrativas segundo João sobre a crucifixão, morte e sepultamento de Jesus (cf. Jo 19,16b-42) têm também elementos que diferem dos Evangelhos Sinóticos. João não menciona Simão de Cirene que, conforme os sinóticos, foi obrigado a carregar a cruz de Jesus (cf. Mt 27,32; Mc 15,21; Lc 23,26). É Jesus mesmo que carrega a sua cruz até o Gólgota (cf. Jo 19,17). Segundo Benoit (1975), o fato de João não ter mencionado Simão carregando a cruz não significa que o fato não existiu, mas apenas optou por omitir para combater alguns pensamentos heréticos que ventilavam no cristianismo primitivo.

João terá querido combater uma heresia nascida em seu tempo, a heresia doceta. O docetismo - que vem do grego dokein, ‘aparentar’ – pretende que no momento decisivo de seu sofrimento Jesus se eclipsou e outro tomou o seu lugar. Segundo tal heresia, Jesus não sofreu na cruz, mas um outro o substituiu, de modo que Jesus só ‘aparentou’ sofrer e morrer. João que conhecia esta heresia responde: Jesus carregou ele próprio sua cruz; rejeita assim o erro do docetismo e não o fato de que Simão de Cirene tenha ajudado o Senhor (BENOIT, 1975, p. 190-191).

Sobre as diferenças entre a narrativa joanina e a dos Evangelhos Sinóticos importa mencionar ainda a cena da divisão das vestes de Jesus. Os Sinóticos ao descreverem o relato (cf. Mt 27,35; Mc 15,24; Lc 23,34), não citam o salmo 22, 19. No entanto, João faz uma alusão explícita, mostrando que a repartição das vestes de Jesus faz parte do cumprimento das profecias do Antigo Testamento acerca do Messias. Justifica o evangelista João: “Isso a fim de se cumprir a Escritura que diz: repartiram entre si minhas roupas e sortearam minha veste” (19,24).

João faz questão de mencionar que a túnica de Jesus não foi rasgada, mas dividida. Tal explicitação tem rico significado. No entanto, é difícil saber qual a intenção de João, embora muitos tentarem explicar.

A túnica sem costura fez, algumas vezes, pensar na Igreja una, que não deve ser dividida. Mas este pensamento é de época posterior, aparece com são Cipriano quando a unidade da Igreja está ameaçada. Embora haja aí uma bela explicação teológica, não é certo que João tenha pensado nisso. O apóstolo terá querido fazer alusão à veste de José, uma túnica tecida com mangas, que seus irmãos embebem no sangue para que Jacó o julgue morto (Gên 37,23-33)? ou pensa então na túnica do Sumo Sacerdote, que era, dizem, de uma só peça e que Filão compara ao mundo com os seus quatro elementos? Será a veste do Logos, que estabelece a unidade do mundo? É de se recear que, procurando simbolismos muito distantes, ultrapassaremos as intenções de João (BENOIT, 1975, p. 201-202).

A túnica sem costura usada por Jesus, segundo alguns teólogos, significa que João não queria apenas apresentar Jesus como rei, mas como sacerdote (BROWN, 1998).

Na narrativa da crucificação joanina, é destacada a presença das mulheres, inclusive a mãe de Jesus que estava ao pé da cruz junto com o apóstolo João (cf. Jo 19,25). Porém, para Mateus (27,55) e Marcos (15,40) as mulheres estavam distantes, “olhando de longe”, e nenhum dos apóstolos estava presente, pois todos tinham fugido e abandonado a Jesus (cf. Mc 14,50).

As últimas palavras de Jesus na cruz, no Quarto Evangelho, também se diferem das tradições de Mateus e de Marcos. Em João Jesus diz: “Tenho sede” (19,28) e, “está consumado” (19,30). A cena apresentada por João é de calmaria. Com isso, o evangelista quis apresentar Jesus como aquele que tinha controle sobre seu próprio destino. O Jesus apresentado por João não se desespera, não demonstra a sua fraqueza e a sua angústia, como em Mateus e Marcos. Estes apresentam um Jesus que não se esquiva de expressar seus sentimentos de angústia. O Jesus apresentado por Mateus e por Marcos faz ecoar seu grito de angústia: “Eli, Eli, lamá sabachtháni?, isto é: Deus meu, Deus meu, por que me abandonastes?” (Mt 27,46; cf. Mc 15,34). Sobre esse grito de Jesus, significativos sãos os comentários de Benoit:

Jesus, que representa todos os homens sente-se abandonado de Deus, ele vai voluntariamente até o aniquilamento, até o sofrimento total; diante de Deus, sente-se coberto do pecado do mundo e daí que vem esta terrível angústia. Deus o abandonou às mãos dos pecadores, dos romanos e dos judeus. Não temamos reconhecer a angústia do Senhor: não se deve dar a estes sofrimentos de Cristo uma espécie de aparência enganadora, como se não sofresse realmente, pois sabe tudo o que vai acontecer. É mister não esvaziar este mistério profundo de sua substância, procurando suavizá-lo. Jesus, Filho de Deus, viveu como homem no sentido total da palavra, e quis experimentar a morte humana naquilo que possui de mais trágico (BENOIT, 1975, p. 223).

Com relação as últimas palavras de Jesus na cruz faremos uma exposição posteriormente. Interessa-nos neste momento fazer uma comparação entre as narrativas de Mateus e Marcos com o relato de João. Mateus e Marcos colocam na boca de Jesus o início do salmo 22,2. João ao mencionar o grito de sede de Jesus, pensa no salmo 69, 22 que diz: “Como alimento deram-me fel, e na minha sede serviram-me vinagre”. “Para o quarto evangelista, até mesmo o grito mais humano de: “Tenho sede!” (19,28) pode ser colocado no contexto do soberano controle de Jesus sobre seu próprio destino” (BROWN, 1998, p. 77).

A entrega do espírito de Jesus em João é também rica de significados teológicos. Diz São João: “Quando Jesus tomou o vinagre, disse Está consumado! E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (19,30). Marcos não faz referência ao espírito, simplesmente diz que Jesus expirou (cf. Mc 15,37). Esses detalhes demonstram que existem diferenças teológicas entre João e Marcos. Para João a entrega do Espírito Santo se deu com sua morte na cruz e na ressurreição, quando soprou sobre os apóstolos o Espírito Santo (20,22). Segundo o teólogo Brown,

João pode está sugerindo, por meio de uma simbólica antecipação, que Jesus entregou seu Espírito a seus seguidores ao pé da cruz, em particular aos dois expressamente citados (a mãe e o discípulo amado), idealizados pela comunidade joanina como seus antecedentes (BROWN, 1998, p. 78)

Os Evangelhos Sinóticos fazem referência aos vários sinais que se manifestaram com a morte de Jesus, querendo assim exprimir a dimensão extraordinária do acontecimento. Os fenômenos que acompanharam a morte de Jesus foram: Trevas sobre a terra (cf. Mt 27,45), rasgo do véu do santuário e tremor da terra (cf. Mt 27,51), ressurreição dos mortos (cf. Mt 27,52) e confissão do centurião romano reconhecendo Jesus como Filho de Deus (cf. Mt 27,54)[1].

João, diferente dos Sinóticos, não se preocupa em mencionar os sinais externos da natureza, mas destaca o sinal no próprio corpo de Jesus: “mas um dos soldados traspassou-lhe o lado com a lança e imediatamente saiu sangue e água” (19,34). O sangue nos lembra a dimensão carnal (humanidade) e a água a dimensão espiritual (divindade). Em João a água é comparada ao Espírito: “aquele que crê em mim! conforme a palavra da Escritura: De seu seio jorrarão rios de água viva. Ele falava do Espírito que deviam receber aqueles que haviam crido nele, pois não havia ainda Espírito porque Jesus ainda não fora glorificado” (7,38-39). Sendo para João a cruz o lugar da glorificação de Jesus, essa profecia se cumpre, “pois a mistura de sangue e água é o sinal de que Jesus passou desse mundo para o Pai e foi glorificado (12,23;13,1)” (BROWN, 1998, p. 78).

O sangue e a água jorrados do corpo do Crucificado foram interpretados pelos Padres da Igreja como o surgimento dos dois sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo e Eucaristia, e desses dois sacramentos, o nascimento da Igreja, a nova Eva, que sai do lado do novo Adão. Em uma de suas catequeses, São João Crisóstomo (sec. IV), assim explica o significado do sangue e da água que brotaram do lado de Jesus:

[...] a água, como símbolo do batismo; o sangue, como símbolo da eucaristia. O soldado, transpassando-lhe o lado, abriu uma brecha na parede do templo santo, e eu, encontrando um enorme tesouro, alegro-me por ter achado riquezas extraordinárias. Assim aconteceu com este cordeiro. Os judeus mataram um cordeiro e eu recebi o fruto do sacrifício. [...] Não quero, querido ouvinte, que trates com superficialidade o segredo de tão grande mistério. Falta-me ainda explicar-te outro significado místico e profundo. Disse que esta água e este sangue são símbolos do batismo e da eucaristia. Foi destes sacramentos que nasceu a santa Igreja, pelo banho da regeneração e pela renovação do Espírito Santo, isto é, pelo batismo e pela eucaristia que brotaram do lado de Cristo. Pois Cristo formou a Igreja de seu lado traspassado, assim como do lado de Adão foi formada Eva, sua esposa (CRISÓSTOMO, In: LITURGIA DAS HORAS, v.II, 1995, p. 416).

A interpretação de São João Crisóstomo evidencia não somente o significado da Morte e do sangue e da água, mas também a graça que brota da cruz, ou seja, através dela fomos presenteados com suas riquezas e frutos para a nossa salvação. Essas “riquezas extraordinárias” e o “fruto do sacrifício” dos quais se refere Crisóstomo são os meios oferecidos por Deus para a nossa santificação. Os sacramentos do Batismo e da Eucaristia são canais onde passam os tesouros, as riquezas e os frutos da graça de Deus que purifica, santifica e salva o homem.

Retomando a nossa análise acerca da narrativa da Paixão e Morte de Jesus segundo João, convém destacar o sepultamento de Jesus. João é o único a mencionar o aparecimento de Nicodemos na cena.

‘Nicodemos, aquele que anteriormente procurava Jesus à noite, também veio, trazendo cerca de cem libras de uma mistura de mirra e aloés’ (19,39). Nicodemos, que antes tinha tido um encontro com Jesus, mas não tinha aderido totalmente a proposta de Jesus (Jo 3,1-21), agora, tem a coragem de mostrar seu interesse pela pessoa de Jesus. As palavras de Jesus estão começando a tornar-se verdadeiras: ‘Quando eu for elevado da terra, atrairei todos os homens a mim’ (12,32) (BROWN, 1998, p. 79).

Os Evangelhos Sinóticos não fazem referência aos perfumes usados para ungir o corpo de Jesus. João ao destacar uma quantidade enorme de perfume, cerca de 32 quilos, tinha como propósito evidenciar o aspecto da realeza de Jesus. Somente no sepultamento dos reis se usava tamanha quantidade de perfumes. Na Paixão segundo João, Jesus é apresentado como verdadeiro rei. A unção de Nicodemos nos lembra o que diz o salmista a respeito das núpcias do rei-Messias com a humanidade:

Teu trono é de Deus, para sempre e eternamente! O centro do teu reino é cetro de retidão! Amas a justiça e odeias a impiedade. Eis por que Deus, o teu Deus, te ungiu com óleo da alegria, como nenhum dos teus companheiros; mirra e aloés perfumaram tuas vestes (Sl 45,8-9a).

Após a análise da narrativa acerca da Paixão e Morte de Jesus no Quarto Evangelho, podemos chegar a seguinte conclusão: A Paixão de Cristo joanina é diferente dos Evangelhos Sinóticos em vários aspectos. O Jesus apresentado por Mateus e Marcos se sente abandonado (cf. Mt 27,46; Mc 15,34); o retrato que Lucas pinta é de um Jesus que se preocupa com os que choram (cf. 23,27-31) e perdoa os seus opositores (cf. 23,34). Para João, o Crucificado não é um fracassado, derrotado, mas de um rei soberano vitorioso cujo mal não tem poder sobre ele. Todos os retratos de Jesus pintados pelos evangelistas são significativos, como atesta Brown:

Para escolher um retrato de Jesus crucificado, de modo a excluir os outros ou a harmonizar todos os retratos evangélicos em um só, teríamos de destruir a cruz de muito de seu significado. É importante que alguns sejam capazes de ver a cabeça pendente de tristeza, enquanto outros observem os braços abertos para perdoar, e outros ainda percebam na tabuleta pregada sobre sua cruz a proclamação de um rei soberano (BROWN, 1998, p. 85).

A cruz em João não é símbolo de maldição, mas trono onde Jesus reina. Ao olhar para a cruz o homem de todos os tempos pode reconhecer e escrever na tabuleta do seu coração que Jesus é o rei de sua vida.



[1] A respeito dos fenômenos extraordinários que são mencionados pelos Evangelhos Sinóticos, convém levarmos em consideração o comentário do teólogo Benoit. Para o mesmo, por trás desses fenômenos havia uma intenção teológica. “De fato é uma maneira comum na Bíblia exprimir o Dia de Javé, o grande dia escatológico, por fenômenos cósmicos, por abalos do mundo, comportando trevas e perturbações nos astros. Aqui intervém uma figuração oriental que emprega clichês, sem tomá-los literalmente, para exprimir uma realidade espiritual (1975, p. 228). Segundo as narrativas dos profetas, o Dia de Javé é marcado por vários acontecimentos. Vejamos algumas passagens bíblicas: “Um dia de ira, aquele dia! Dia de angústia e de tribulação, dia de devastação e de destruição, dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e de negrume” (Sf 1,15); “Diante dele a terra se comove, os céus tremem, o sol e a lua escurecem e as estrelas perdem o seu brilho!” (Jl 2,10); “Acontecerá naquele dia, - oráculo do Senhor Iahweh – que eu farei o sol declinar em pleno meio-dia e escurecerei a terra em um dia de luz. Transformarei vossas festas em luto e todos os vossos cantos em lamentação; colocarei um saco em todos os rins e em cada cabeça uma tonsura. Eu a colocarei como em luto pelo filho único, seu fim será como um dia de amargura” (Am 8,9-10); “Se penetrarem no Xeol, lá minha mão os prenderá” (Am 9,2). Com relação ao fato do véu do templo ter se rasgado, trata-se de um simbolismo. “Este véu é um símbolo, era a separação que afastava os pagãos da religião judaica. Trata-se provavelmente do véu do Santo, de preferência ao Santo dos Santos; este véu ocultava o interior do Templo às pessoas do átrio, aos judeus, mas sobretudo aos pagãos. Este véu protege de maneira exclusiva o segredo da religião, a intimidade de Javé no interior do templo. Rasgar o véu, é suprimir o segredo e a exclusividade. O culto judaico deixa de ser o privilégio de um povo, seu acesso é aberto a todos, mesmo os gentios. Eis o sentido profundo desse fenômeno” (BROWN, 1998, p. 230).

AGRADECIMENTO DA ORDENAÇÃO


Excelência Reverendíssima, Dom frei Luís Gonzaga da Silva Pepeu, arcebispo diocesano de Vitória da Conquista-BA; Reverendo Frei Francisco de Assis Barreto, Ministro Provincial da PRONEB; Reverendo Frei Rubival Cabral Brito, Ministro Provincial da Província Nossa Senhora da Piedade de Bahia e Sergipe; Caríssimos confrades aqui presentes; Padres Diocesanos; Irmãos da Ordem Franciscana Secular e da Juventude Franciscana; Seminaristas, religiosos, vocacionados, familiares e amigos que aqui se encontram, vindos de Recife, Ceará-Mirim/RN, Bom Conselho/PE, Luís Gomes-RN, Natal e Salvador- BA. Todos vós, Povo Santo de Deus, irmãos e irmãs em Cristo Jesus, Paz e Bem!

“Bendito seja o Senhor de Israel, porque só ele realiza maravilhas!” (Sl 72,18).

Nesta hora, um enorme sentimento de alegria inunda os nossos corações. O nosso ser está em festa, nossa alma se rejubila pelas chuvas de graças divinas derramadas no terreno das nossas existências. Tudo é graça! Tudo é graça! E a graça, que é Cristo, é tudo! Temos plena consciência de que, se chegamos até aqui, foi por bondade divina e não mérito nosso. Foi o Senhor que lançou sobre nós seu olhar de amor, nos seduziu, nos chamou e nos consagrou para um ministério santo e eterno.

Ser presbítero é uma dádiva divina; uma sublime vocação, um mistério divino. Exclamava São João Maria Vianney: Oh! como o sacerdote é algo sublime! Se ele se apercebesse morreria... O Sacerdote só será bem compreendido no céu… Se o compreendêssemos na terra, morreríamos, não de pavor, mas de amor.

Diante desse grande dom divino que é a ordem do presbiterato, que hoje recebemos, resta-nos agradecer ao Altíssimo e Bom Senhor e louvá-Lo pelo dom da nossa vocação. Temos consciência, Senhor, de que somos vasos frágeis, pequenos, mas, confiantes na vossa graça, aspiramos a fazer transparecer, no altar do mundo, a vossa beleza, de modo que muitos, pelo nosso testemunho, se sintam atraídos por vós. Obrigado, Senhor, pela vossa presença constante em todos os momentos do nosso peregrinar. Quando choramos, vós fostes o nosso consolo. Quando nos cansamos vós fostes o nosso ânimo. Quando caímos, vós nos erguestes. Quando pensamos em desistir, vós nos fizestes compreender que era preciso perseverar, insistir e prosseguir. Quando nos sentimos fracos, vós fostes a nossa força. Quando vencemos, vós fostes o nosso poder. Por meio de vossa presença e ajuda cada um de nós, hoje, pode dizer como o general romano Júlio Cesar, após ter alcançado a vitória: Veni, vidi, vici, ou seja, vim, vi e venci.

A nossa alegria não é sinônimo de uma mera sensação eufórica, mas tem sabor de vitória. Foram muitos anos de dedicação aos estudos, de reflexão e questionamentos, de combate com nós mesmos para não se perder de vista o nosso ponto de partida, o nosso amor primeiro. Mas a graça de Deus não foi em vão, não deixou que os nossos pés vacilassem e que os nossos corações se afastassem da meta. Por isso, aqui chegamos. Não a meta final, caros irmãos: frei André, frei Edivan e frei Heleno, mas a uma nova etapa. Daqui para sempre compete a cada um de nós fazer o firme propósito de viver o seu ministério sacerdotal na fidelidade a Deus e na doação de si mesmo aos irmãos e irmãs, para que em tudo Ele seja glorificado.

Alguém certa vez disse de forma poética: “Deus não poderia estar em todos os lugares ao mesmo tempo, por isso deixou os pais”. O nosso agradecimento a Deus se estende a todos aqueles que foram instrumentos de sua presença em nossas vidas. Aos nossos pais: José Barbosa Soares do Nascimento e Ione Soares do Nascimento, os pais do frei André – Caetano Januário de Lima e Neusa Maria de Jesus Lima, os pais do frei Heleno – Francisco Canindé Barbosa da Silva e Francisca Santos da Silva, os pais do frei Edivan– Manoel Pinheiro de Almeida e Ana Pinheiro de Almeida, os meus pais. Eles são os braços e abraços maternos e paternos de Deus, o coração carinhoso e terno de Deus que nos aquece e fortalece. Como a Virgem Maria e São José, vocês, amados pais, nos ofereceram ao Senhor para que pudéssemos crescer em sabedoria e graça diante de Dele e dos homens. A vocês somos imensamente agradecidos pelo amor, apoio, incentivo e preocupações a nós dispensadas. Deus vos recompense por todo o bem.

Aos nossos amados irmãos e irmãs com quem partilhamos boa parte das nossas vidas, aos nossos avós paternos e maternos, aos tios e tias, primos e primas, sobrinhos e sobrinhas, nossa genuína gratidão e singela homenagem por todo o bem que vocês têm nos proporcionado. Saibam que a presença de vocês torna as nossas travessias existenciais cada vez mais significativas.

Somos filhos da Igreja. Foi ela quem nos gerou e nos acolheu para o exercício do ministério presbiteral. À santa mãe Igreja Católica Apostólica Romana, nossos agradecimentos pela confiança depositada em nós ao nos conferir o Sacramento da Ordem. Agradecendo à Igreja, não podemos deixar de expressar nossa gratidão ao sucessor dos apóstolos, Dom frei Luis Gonzaga da Silva Pepeu, arcebispo de Vitória Conquista-BA, que com alegria e disposição franciscanas aceitou o convite de nos ordenar. Dom Pepeu, nossos votos de que vossa reverendíssima continue a pastorear o rebanho do Senhor de forma profícua.

Nossa gratidão às províncias dos Frades Menores Capuchinhos: da Penha do Nordeste do Brasil e Nossa Senhora da Piedade de Bahia e Sergipe. Ao frei Francisco de Assis Barreto e frei Rubival Cabral Brito, ministros províncias de ambas as Províncias, nossa sincera gratidão por terem nos ajudado no nosso crescimento humano e espiritual. Obrigado, frei Chico e frei Rubival, pelas vezes que estiveram disponíveis para nos escutar, nos instruir, nos corrigir e nos incentivar na vivência dos valores franciscanos. Vocês não são apenas ministros da instituição, mas dos nossos corações.

Às fraternidades onde residimos: Fraternidade mãe da Província, Nossa Senhora da Penha do Recife, Fraternidade Santo Antônio de Natal, Fraternidade Sagrado Coração de Jesus de Maceió, Fraternidade N. Senhora dos Remédios de Catolé do Rocha, Fraternidade São Félix de Cantalice do Areinha (Recife), Fraternidade Nossa Senhora do Rosário do Pina, Fraternidade Frei Damião de Bozano de Jardim de Piranhas, Fraternidade São Fidelis de Sigmaringa em Bom Conselho, onde realizamos o nosso santo noviciado, ao Seminário Jesus Libertador do Instituto Jesus Missionário dos Pobres, onde iniciei a minha primeira experiência na vida religiosa; e as Fraternidades Frei Urbano e Nossa Senhora da Piedade de Salvador, onde tive o prazer e a alegria de conviver com os irmãos baianos e sergipanos durante o período de quatros anos, nossa imensa gratidão.

Agradecemos aos irmãos administradores paroquiais que nos acompanharam no nosso estágio pastoral: Frei Severino Pinheiro, frei Marcelo, frei Xavier e ao Padre Edilson Bispo da Paróquia Ceia do Senhor e Santo André Apóstolo, do Bairro Cabula VI em Salvador, que aqui se faz presente.

Aos formadores das diversas etapas da formação nossa gratidão por terem nos ajudado a crescermos na assimilação e vivência do carisma franciscano. Vocês foram para nós balizas que nos indicaram os caminhos a serem percorridos para melhor viver o Evangelho nas pegadas do Seráfico Pai São Francisco de Assis e da mãe Santa Clara de Assis.

Agradecemos ainda às instituições educacionais onde realizamos nossa formação filosófica e teológica: Instituto Salesiano de Filosofia, Instituto Carmelitano de Teologia Sedes Sapientiae e a Faculdade São Bento da Bahia. Aos diretores, professores, funcionários e colegas dessas instituições nossa eterna gratidão.

Aos grupos pastorais das várias paróquias e conventos por onde passamos: à Ordem Franciscana Secular de Salvador, à Juventude Franciscana, ao Movimento Cursilho de Cristandade de Salvador, ao Movimento Equipes de Nossa Senhora de Salvador, à equipe de liturgia desta paróquia, ao frei William e confrades deste convento que se empenharam para que esta liturgia ocorresse da melhor maneira possível, nossos sinceros agradecimentos.

Por fim, agradecemos a cada um de vocês, amigos, familiares, confrades, que choraram e sorriram conosco, que torceram e lutaram conosco, que estiveram presentes das mais diversas maneiras nos encontros e desencontros da nossa vida. Queremos, no altar do sacrifício, oferecer cotidianamente, junto com o pão e o vinho, as suas vidas em forma de louvor e ação de graças. Contamos com suas orações para que possamos exercer nosso ministério presbiteral como um ofício de amor e na fidelidade.

Que o nosso amado Deus vos abençoe pela intercessão da Virgem Maria, Mãe de Deus e de nosso Pai São Francisco, hoje e sempre. Amém! Paz e bem!

DISCURSO DA MINHA PRIMEIRA MISSA



Reverendo Pe. Ivan Santos, pároco da Paróquia de Senhora Santana; Reverendo Pe. Raimundo Osvaldo Rocha, vigário cooperador; Reverendo Pe. Roberto Carlos Viera Nunes; Reverendo Pe. Zimar Pinheiro; Reverendo Pe. Dário Torboli; Reverendo Pe. Juciê Braga Avelino; Diácono Erasmo; Religiosas: Ir. Terezinha, Ir. Vilma, Ir. Maria José, Ir. Eliane, Ir. Geraldina, Ir. Lúcia, Ir. Rita, Ir. Ozálio; Religiosos: Ir. Dian Carlos, Ir. Uilaci; Postulante Rodrigo; amados pais, Nita e Manoel; meus irmãos, Luciano Pinheiro, Luciélio, Luciene e Madalena; meus tios, tias, primos e primas, amigos (as) que residem em Luís Gomes e os que vieram de Natal, São Paulo; prezados conterrâneos que aqui se encontram; Estimados paroquianos. A todos vós, Povo amado do Senhor, minha saudação franciscana de paz e bem!

“Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,19-20).

O que dizer neste momento em que me sinto num estado de imensa alegria! Hoje, ao presidir a minha primeira Missa, não sei se fui arrebatado ao céu ou se o céu desceu até mim. Uma coisa eu tenho certeza: Trata-se de um dia muito especial para mim e para aqueles com quem tenho a alegria de partilhar a minha existência.

Sou presbítero da Igreja de Jesus. Não há vocação mais sublime que possamos imaginar. Ser sacerdote é ser um "alter Christi', ou seja, outro Cristo no mundo. É em nome dele que oferecerei o maior e mais perfeito culto de sacrifício, louvor e ação de graças. Santo Agostinho exclamava: "Ó venerável e sagrado poder o das mãos do padre! Ó glorioso ministério! Aquele que me criou a mim, deu-me, se ouso dizê-lo, o poder de o criar a ele; e ele que me criou sem mim, criou-se a si por meio de mim! "
Serei as mãos de Jesus ao abençoar e santificar as oferendas que por vós forem apresentadas. Serei a voz de Cristo ao proclamar e pregar o seu Evangelho. Farei transbordar o seu coração misericordioso quando em seu nome perdoar os pecadores. Farei as vezes de Cristo quando administrar os sacramentos, sinais visíveis da sua presença santificadora. Serei seus pés quando for ao encontro dos que sofrem, dos doentes, dos pobres e excluídos. Portanto, configuro-me a Cristo, em sua vida, crucificação e ressurreição, pois ser presbítero não é título de honra, mas significa, antes de tudo, crucificar-se com Ele.
Hoje, ao presidir pela primeira vez a Eucaristia subi ao calvário com Cristo. De agora em diante, sou interpelado a proclamar para o mundo pelo meu testemunho de vida que já não sou eu que vivo, que rezo, que canto, que abençoou, que trabalho, que sirvo, que batizo, que celebro, mas é Cristo que vive em mim.
A vocação presbiteral é tão bela que o nosso pai São Francisco chegou a dizer que, se acontecesse de encontrar ao mesmo tempo um anjo descido do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiramente o presbítero, e se apressaria em beijar as suas mãos, depois o anjo, pois as mãos do sacerdote seguram a Palavra de Deus e têm um poder mais que humano.
Sinto-me tão pequeno diante de tamanha responsabilidade a mim confiada pela Santa Mãe Igreja. Mas confio naquele que até aqui me ajudou, para que sua graça esteja junto a mim em tudo o que eu pense, fale, sinta e faça.
Sou sacerdote não para mim mesmo, mas para cada um de vocês. Não fui ordenado para ser feliz, mas para fazer vocês felizes. E, na medida em que vos fizer felizes, encontrarei também a minha realização. Fui tirado, como disse o autor da Carta aos Hebreus (5,1) “do meio dos homens e constituído em favor dos homens em suas relações com Deus”. Minha função, portanto, é a de servir. Torno-me um "Servus Servorum Dei", ou seja, servo dos servos de Deus. Meu lugar, como o de Cristo, sacerdote perfeito, não é o palco da fama, do prestígio, dos aplausos, do reconhecimento, do poder, mas, o meu lugar primordial deve ser o presbitério do serviço alegre, humilde e discreto e o púlpito da Palavra, onde não pregarei a mim mesmo, mas a Jesus Cristo. Parafraseando Santo Agostinho, eu vos digo: para vocês sou presbítero, entre vocês, sou um irmão.
Presidir a minha primeira Missa em Luís Gomes é, pois, muito significativo. Foi neste amado chão que nasci, que vivi minha infância, que iniciei meus estudos, que desabrochou a minha vocação. A Paróquia de Senhora Santana foi o útero que me gerou para a Igreja, o berço onde fui alimentado na fé, o canteiro fecundo de onde germinou a semente do desejo pela minha vida religiosa sacerdotal. Nesta Paróquia, fui iniciado na doutrina cristã. Recordo-me com carinho da minha primeira catequista, Benedita, com quem aprendi o gosto pela Sagrada Escritura e pela vida pastoral. Foi em 1989. A partir de então, não consegui me afastar mais da Igreja, engajando-me no grupo de adolescentes (ABC), depois nas equipes de comunicação e liturgia. Foi a minha infância eclesial. Na minha formação espiritual, não poderia deixar de recordar tantas pessoas queridas, como: o Pe. Pedro Lapo – O seu exemplo de sacerdote simples e dedicado aos pobres sempre me encantou. Sua presença em minha vida foi sumamente importante. Obrigado Pe. Pedro, por todo o bem que o senhor realizou em minha vida; Trago vivas na memória do coração tantas pessoas queridas: Ir. Lourdes, Ir. Matilde, Ir. Tarcisia, Ir. Silvéria, Ir. Imaculada, Ir. Vilma, Ir. Gilvânia, Leiliane, Ir. Édna, Irialda, Cristina, Ir. Eliane, Ir. Edenice, Ir. Edilene, Ir. Lúcia Silva, Deda, Pe. Rierson Carlos, Pe. Dário; Os Companheiros (as) de caminhada: Solange Batista, Júlio Filho, Paizinha, Hélio, Luiz, Tereza, Laninha, Vaninha, Jó, Mariluce, Irinelda, Anailson, Aninha, Carlinhos, Jurandir Barbosa, Ciro, Jacinta, Maria de Jesus, Batista, dona Justina, Zefa, Vércia, Damiana, Carminha, Lourdes Morais, Tôtô, seu Antônio, Alzira, seu Pedro, dona Rita, seu Severino, dona Alzeni, Fabiano, Paulo da Cruz, Teófilo, Eliézio, Manassés Pinheiro, Johne, Dian Carlos, Zezinho Silva e tantos outros. Sonhamos e lutamos juntos. Sorrimos e choramos juntos. Tínhamos os mesmos ideais. Como disse o poeta: “belos tempos, belos dias”. Saibam, meus amigos, que todos vocês ocupam um lugar muito especial em meu coração.
Hoje é um dia de ação de graças. Agradeço ao meu Bom e Senhor Deus por todos os benefícios que de suas mãos tenho recebido. Sua misericórdia para comigo foi sempre abundante. Agradeço-vos, Deus amado, por vossa presença, pelo dom da minha vida e vocação.
Meus sinceros agradecimentos aos meus pais Manoel e Nita. Vocês são muito especiais para mim. Meu pai, o senhor em sua simplicidade ensinou-me a virtude do trabalho, instruiu-me acerca da honestidade e do respeito para com todos. Minha mãe, a senhora foi sempre para mim um referencial de sinceridade, autenticidade, simplicidade e solidariedade. A senhora ensinou-me as primeiras lições dos livros e da vida. Na sua cartilha, aprendi a soletrar a palavra obrigado. Na sua tabuada, aprendi a dividir, repartir, partilhar, a somar amizades e experiências positivas, a subtrair inimizades e experiências negativas. Na sua gramática, aprendi a conjugar o verbo amar. No seu catecismo, descobri a beleza de se crer em Deus. No dicionário de minha mãe, minha primeira professora, aprendi que algumas palavras, como: humildade, simplicidade, caridade, gentileza, respeito e sinceridade, não posso deixar de escrevê-las no caderno da minha existência. Minha mãe, guardo com carinho a carta que a senhora escreveu quando parti para o Instituto Jesus Missionário dos Pobres, dando suas últimas instruções e bênção. Foi em 1999. Já se passaram quase 13 anos. No entanto, tenho carregado vivo em minha mente e no meu coração o que a senhora me escreveu, a saber: "Que Deus te acompanhe e guie os seus passos: seja humilde e caridoso, não seja egoísta, seja um padre santo; Deus ponha as mãos em cima de você [...]. Estão perdoadas todas as suas falhas. Também peço perdão pelas minhas [...]. A bênção de sua mãe. Seja um bom sacerdote [...]. Adeus meu Filho. Nita".
Aos meus irmãos: Luciano, Luciélio, Luciene e Madalena, meus agradecimentos pelo apoio e incentivo. Vocês são para mim pérolas preciosas, flores que perfumam o jardim do meu coração. Com a presença de vocês a minha vida tem muito mais sentido. Saibam que eu tenho muito orgulho de todos vocês. Ao agradecer aos irmãos, não poderia deixar de mencionar um quinto irmão: o professor Dr. Gleydson. Não precisa dizer a enorme consideração que tenho por você. Sua presença faz com que a viagem passageira da minha vida seja muito mais significativa e feliz.
Agradeço ainda a minha amada e numerosa família: aos meus avós paternos (Maria Joaquina e Rufino); aos avós maternos (Francisco Filipe e Francisca Pinheiro); aos meus tios e tias, primos e primas, cunhado e cunhada. Teria o prazer de pronunciar o nome de cada um, mas o tempo não me permite. Porém, gostaria de mencionar os que partiram para a Casa do Pai: tia Francinete, tia Aparecida, Tio Antônio e meu primo Normando e Ediglê. Que Deus vos recompense por todo o bem.
Minha gratidão aos meus ex-professores, de modo particular minha primeira professora, Luzeni Costa. Às instituições de ensino onde estudei: Escola Estadual Coronel Fernandes, Colégio Comercial Luís Gomes (hoje Colégio Municipal Pe. Raimundo Osvaldo Rocha), Colégio Pe. Rolim de Cajazeiras, Colégio Sagrada Família de Brasília. Aos colegas, diretores e funcionários das instituições mencionadas, meu muito obrigado por todo o bem que vocês me proporcionaram.
Obrigado à Paróquia de Senhora Santana e seu pároco, Pe. Ivan, que sempre me acolheu com muito carinho quando por aqui passava de férias. Ao Pe. Osvaldo pelo incentivo que sempre tem me dado para perseverar na vocação; aos grupos, agentes de pastorais e religiosas dessa paróquia.
Agradeço imensamente às congregações religiosas: Irmãs Missionárias da Sagrada Família e ao seu fundador Pe. Cleides; Fraternidade Santo Estevão, Irmãs Missionárias Carmelitas, Instituto Jesus Missionário dos Pobres e ao seu fundador Pe. Gervásio Fernandes de Queiroga e demais membros com os quais fiz a minha primeira experiência na Vida Religiosa.
Um agradecimento muito especial aos irmãos presbíteros que partilham da minha alegria na mesa da Eucaristia: Pe. Roberto Carlos, meu primo, Pe. Zilmar Pinheiro, Pe. Juciê; aos confrades frei Gilson e Luciano, pessoas especiais com quem convivi e estudei durante quatro anos.
Agradeço ainda: ao Luciano Pinheiro, Luciene, Madalena, Birita, Gracinha, Francisco Viera e Nairton Vieira pelo apoio na realização da minha ordenação presbiteral; à equipe de liturgia e canto desta paróquia; Ao Ir. Dian Carlos, Michael e Anazete pela organização desta celebração.
Por fim, agradeço aos amigos antigos e novos, aos conhecidos, conterrâneos, a todos vocês que durante esses anos todos colaboraram comigo das mais diversas formas possíveis. De vocês fui agraciado com orações, carinho e ajuda financeira. Que Deus em sua infinita bondade possa retribuí-los com saúde e paz. Quero, no altar do sacrifício, oferecer cotidianamente, junto com o pão e o vinho, as suas vidas em forma de louvor e ação de graças.
O famoso frade Capuchinho, São Padre Pio dizia que, "O Sacerdote, ou é um Santo, ou é um demônio. Ou santifica, ou arruína". Ao meditar essas palavras, tomo consciencia da grande responsabilidade que Deus me confia. Sei, que como os demais homens, sou fraco e limitado. Porém, coloco a minha confiança no Senhor que me chamou, para que eu possa fazer do meu ministério presbiteral um oficio de amor e de fidelidade. Reafirmo diante de Deus e diante de cada um de vocês o meu propósito de consagrar-me para o louvor de sua glória e edificação de seu reino de amor e paz.
Conto com as orações de cada um de vocês para que eu possa proclamar cotidianamente pelos meus pensamentos, sentimentos, palavras e ações que, "fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim'.
Que Deus vos abençoe! Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!
















É NATAL


Pregação na Igreja Matriz de Senhora Santana - Luís Gomes-RN - Dezembro-2011

A ENCARNAÇÃO


Pregação na Igreja Matriz de Senhora Santana - Luís Gomes-RN

“Deixa-me partir, a fim de que eu vá para o meu senhor” (Gn 24,56b)


Caríssimo frei Rubival Cabral Brito, digníssimo Ministro Provincial, prezados irmãos definidores: frei Liomar Pereira (vigário provincial) frei Florêncio Pecorari , frei Hélio dos Santos, frei Genilton Costa e Irmãos Menores da Província Nossa Senhora da Piedade de Bahia e Sergipe, Paz e Bem!

É chegada a hora de partir. A estadia foi acolhedora, agradável, mas é preciso peregrinar por outros torrões e corações. Levarei na bagagem da minha memória a recordação de cada momento e evento maravilhoso que partilhei com cada irmão desta amada Província dos Frades Menores Capuchinhos de Bahia e Sergipe. Com vocês, baianos, aprendi a dançar o “axé” da amizade e do amor no calor e no ardor da vida fraterna. Com os irmãos sergipanos sentei-me à mesa para partilhar e compartilhar o “cuscuz” da alegria franciscana. Tudo foi tão bom!

Parafraseando o poeta e político paraibano, Ronaldo Cunha Lima, antes de partir, eu faço uma denúncia: Todos vocês baianos e sergipanos são ladrões! Vocês roubaram o meu coração. Mas todos estão perdoados, pois, vocês me proporcionaram experimentar quatro anos de muitas felicidades e conquistas. Sou imensamente agradecido pelo carinho com que me acolheram e pelas oportunidades que vocês proporcionaram para que eu pudesse crescer na dimensão humana e espiritual.

Minha sincera gratidão ao Ministro Provincial, frei Rubival Cabral Brito por ter sido sempre uma presença amiga e motivadora. Seu jeito singelo e acolhedor e a sua competência são dignos de aplausos. Obrigado pelo acolhimento, pela amizade, pelo testemunho fraterno, pela palavra encorajadora, pelo abraço amigo, pelo seu coração terno e humilde que sempre há espaço para compadecer-se do irmão. O senhor foi um instrumento de Deus para edificar meu itinerário na vida religiosa. Como disse tantas vezes, o senhor continuará sendo o ministro do meu coração. Na minha bagagem de peregrino, levarei o “rubi”, pérola preciosa que encontrei nas minas baianas. Meus votos que o senhor, frei Rubival, possa em tudo prosperar.

Obrigado aos definidores da PROBASE: Frei Liomar Pereira, vigário provincial, frei Florêncio Pecorari, frei Hélio dos Santos e frei Genilton Costa. Por meio de cada um de vocês fui agraciado com orações, apoio, acolhimento e incentivo. Que Deus em sua infinita bondade possa retribuí-los com saúde e paz.

Agradeço carinhosamente à Fraternidade nossa Senhora da Piedade onde residi durante dois anos. Obrigado ao meu querido guardião frei José Geraldo. O senhor me ensinou pelo seu exemplo o valor de se viver as virtudes franciscanas da humildade e da simplicidade. Obrigado a todos os confrades do Convento da Piedade: Ao frei Marcelino pelas boas instruções que me deu; Ao frei Mário Sérgio pelas oportunidades pastorais que me proporcionou; Ao frei Francisco Carloni pelo seu exemplo de santidade; Ao frei Marcos pela sua disposição em me ajudar quando precisei; Ao frei Gregório pelo carinho e incentivo à minha vocação; Ao frei Luciano e frei Gilson pelos belos momentos que me proporcionaram; A frei José Luís pela amizade; Ao frei Gleizer por suas motivações para que eu pudesse viver melhor a vida franciscana; Ao frei Ulisses por todo o bem que realizou em minha vida. Agradecendo os confrades do Convento da Piedade faço questão de destacar o agradável irmão menor, frei Gabriel de Sapé. Com ele aprendi a distinguir o que é verdadeiramente uma fraternidade, diferenciado-a de uma simples comunidade. Que Deus em sua infinita bondade retribua todo o bem que vocês proporcionaram em meu benefício.

Obrigado à Fraternidade Frei Urbano onde conclui a etapa do pós-noviciado. Ao meu ex-formador e guardião, frei Hélio, meu muito obrigado pela amizade, pelo incentivo, pela confiança e parceria na formação. Agradeço ainda: Ao frei Jorge por ter transmitido de forma eficaz os conhecimentos teológicos; Ao frei Fernandes que é para mim um exemplo de cortesia franciscana; Ao frei Delvair pela sua disponibilidade em me auxiliar nos programas da Web Rádio Capuchinhos e em tantos momentos que foram precisos; Ao frei Johne por ter me auxiliado na aprendizagem dos ritos litúrgicos; Ao frei Giovanni, carinhosamente Gel, pela amizade e pela sua tão importante presença em minha existência. Quantas vezes eu disse: “Chega Gel!”, e o mesmo se apresentava com disposição para “amar e servir” os irmãos; Ao frei Marcos do Couto pelas oportunidades que me proporcionou para partilhar sobre a nossa vida franciscana; Ao frei Marcos Martins pelas vezes que me fez sorrir; Ao frei Alessandro com quem aprendi o valor da superação dos desafios; Ao frei Cristiano que me ensinou com seu exemplo a importância de viver a alegria franciscana; Ao frei Francisco José, um homem de respeito e de um valor “inenarrável”, por ter sido um companheiro fiel nas peregrinações pastorais; Ao frei João Luis com quem aprendi pelo seu exemplo o significado da devoção e da piedade. João, “Deus te abençoe meu irmão”. Agradeço ainda àquela que é a nossa irmã Jacoba da Fraternidade Frei Urbano, Lenice, pelos saborosos temperos que sempre preparou com tanto carinho.

Agradeço, portanto, a todos os frades que fazem parte da Província Nossa Senhora da Piedade de Bahia e Sergipe, por muitas vezes terem me acolhido em suas fraternidades. Foi um enorme prazer ter conhecido a cada um de vocês. Espero revê-los a cada primavera.

Irmãos baianos e sergipanos, deixo o “vagão” da PROBASE imensamente agradecido pela preciosa companhia de todos vocês no percurso da minha viagem. De hoje em diante, o território da minha Província se alarga, estendendo-se até a Bahia, pois o amor e a amizade desconhecem fronteiras.

Sei que não é fácil partir, principalmente quando tenho que deixar para trás tantos irmãos que conquistaram um grandioso espaço na esfera da minha existência. É no compasso da saudade que se encontram as batidas do meu coração. No entanto, o peregrino precisa continuar seu peregrinar pelos desertos do mundo até que um dia possa encontrar o seu lugar do descanso e da paz.

Até a próxima estação!

Ex toto corde (de todo o coração),

Frei Rufino Pinheiro, OFMCap.

Salvador, 01 de dezembro de 2011

O ENCONTRO COM JESUS É TRANSFORMADOR

Pregação -Igreja da Piedade, Salvador-2011

CONSTRUIR NOSSOS PROJETOS COM DEUS

Pregação - Igreja da Piedade, Salvador-BA -2011

AS DORES DA HUMANIDADE

Pregação - Igreja da Piedade- Salvador-BA -2011