Segunda cena: busca da amada pelo amado


Avisa-me, amado da minha alma, onde apascentas, onde descansas o rebanho do meio-dia (mesembria) para que eu não vaguei perdida entre os rebanhos dos teus companheiros (Ct 1,7).

O tema da busca da amada pelo amado permeia todo o livro do Cântico dos Cânticos. A alma separada do amado deseja ardente unir-se a Ele. Era ao meio-dia, quando se conduzia o rebanho para descansar à sombra, que os enamorados se encontravam. O meio-dia aparece neste contexto como a hora do encontro de duas pessoas envolvidas numa relação amorosa, da intimidade, da aproximação, da convivência, da declaração dos sentimentos.

A literatura espiritual desenvolveu toda uma reflexão acerca da esponsalidade. A amada é comparada a alma que busca unir-se totalmente a Deus, o amado, pois está “doente de amor” (Ct 5,8). Nessa busca espiritual a alma se considera esposa do seu único esposo Jesus Cristo, “o mais belo dos filhos dos homens” (Sl 45,3). Apaixonada pelo amado, para entregar-se totalmente a ele, a alma abandonava todos os outros amores, pois deseja pertencer somente a Ele: “Eu sou do meu amado e meu amado é meu” (Ct 6,3).

O meio-dia na perspectiva espiritual é o momento propicio para o encontro da pessoa amada com seu amado Deus. É a hora do despertar o desejo profundo de querer encontrar o Senhor, de conhecê-lo mais intimamente e de entregá-lo todo o coração. Esse desejo é permanente, insaciável, quanto mais a pessoa cresce na intimidade com Deus, mais cresce a sua ânsia de amá-lo.

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