"SOMOS POVO PEREGRINO"

Somos povo peregrino. Marchamos na fé, na esperança e no amor em a fim de conquistar aquela terra prometida pelo Senhor, onde não haverá mais dor, sofrimento, morte, onde aqueles que optaram por seguir os caminhos do Senhor, “nunca mais terão fome, nem sede” (Ap 7,6), onde “já não haverá mais noite: ninguém mais precisará da luz da lâmpada nem da luz do sol, porque o Senhor Deus brilhará sobre eles, e eles reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22,5).
Esta caminhada é contínua. É feita a passos lentos e muitas das vezes sobre obstáculos: noites tenebrosas, tempestades, lamaçais que impedem o peregrino de caminhar, pedras que nos faz tropeçar, buracos que nos faz cair, espinhos que nos faz sofrer. Neste peregrinar, como peregrinos do Senhor, somos agraciados pela abundância: alimento, água, acolhimento, sombra para descansar, mas também nos deparamos com a escassez: fome, sede, rejeição, deserto quente e seco.
O que sustenta a vida do peregrino é a sua confiança em Deus. Não importa a situação, ele tem a certeza de que tudo pode naquele que o fortalece (Fl 4, 13). O Senhor é o seu refúgio, fortaleza, amparo, abrigo seguro contra o calor do meio-dia. Por isso, o peregrino não desiste de sua trajetória. Continua sua caminhada na esperança de que alcançará vitórias. Como o apóstolo peregrino, São Paulo, ele tem consciência de que precisa fazer maiores e melhores progressos na sua trajetória existencial: “Não que eu já o tenha alcançado ou que já seja perfeito, mas prossigo para ver se o alcanço, pois que também já fui alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, não julgo que eu mesmo o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo para o alvo, para o prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus (Fl 3, 12-14).
A vida do peregrino do Senhor é permeada por duas atitudes: deixar e partir. Deixamos para trás tudo o que nos impede de realizarmos bem nossa caminhada. Da sua mochila o peregrino deve retirar tudo o que é supérfluo, aquilo que o dificulta de subir a montanha para contemplar o seu Senhor. Deixamos a realidade antiga: pecado, infidelidade, o homem velho e suas concupiscências para partirmos como homem novo na busca de uma realidade nova marcada pela fidelidade e entrega total e radical ao Senhor.
É na oração, na intimidade com o Senhor que o peregrino restabelece suas forças e sacia sua fome e sede. “Com suas mãos combatendo, mas suplicando a Deus em seus corações” (2Mc 15, 27), faz de seu peregrinar um contínuo culto de louvor, de adoração, de agradecimento, de súplica e de oblação. Sejamos nós este peregrino que usa de suas mãos para lutar pela conquista de seus ideais e do coração para rezar. O peregrino do Senhor deve ter consciência de que sua partida deve ser a partir de um convite do Senhor. Não partimos por nós mesmos, mas por que ele nos chamou. E nos chamou para que? Ele mesmo nos diz por meio da Sagrada Escritura a razão pela qual nos chamou: “Eu, Yahweh, te chamei para o serviço da Justiça, tomei-te pela mão e te modelei, eu te constituí como aliança do povo, como luz das nações, a fim de abrires os olhos dos cegos, a fim de soltares do cárcere os presos, e da prisão os que habitam nas trevas” (Is 42, 6-7).
Portanto, fomos chamados para ser sinal de aliança com Deus, ser luz para os que vivem nas trevas do pecado e instrumento de libertação para todos os se encontram presos nas cadeias da angústia, do sofrimento e da morte.
Fomos chamados ainda para caminhar na presença de Deus, amando-o com todo o nosso coração, com toda a nossa alma e com todo o nosso ser. Uma vez que decidimos ouvir o seu chamado, resta-nos confessar que só nele encontramos a paz e alegria.

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