"RELIGIÃO: DESEJO DA CRIATURA PELO SEU CRIADOR"


A religião é um dos meios para que o homem possa está ligado a um Ser Transcendente. A religião permite unir o mortal com o imortal, o imanente com o transcendente.
A religião desperta o desejo pela busca pelo um Ser Transcendente. Podemos afirmar que a experiência religiosa se pauta também na dimensão do desejo. Uma das maiores expressões que demonstra isso é aquela do salmista, que diz: “A minha alma tem sede de vós, minha carne também vos deseja, como terra sedenta e sem água” (Sl 63).
O desejo não é algo negativo. Cada ser humano é uma fonte de desejo. Este o impulsiona a viver, a lutar, caminhar. Sem desejo o homem não vive, não tem metas. Porém, esse desejo deve ser orientado de forma que seja usado para a edificação de si mesmo e do outro. Poderíamos dizer que é necessário exprimir um “desejo ético” para não se tornar uma perversão. Um desejo pervertido provoca a ruína de si mesmo e de uma comunidade social.
O desejo é parte do homem. Negá-lo é negar o próprio homem enquanto ser desejo, desejante e desejado. Filósofos como Platão, Aristóteles já ensinavam que era preciso que os desejos fossem dirigidos, vividos a partir da prudência (fronesis). Sem a prudência, ser impor limites a si mesmo, sem moderação, não nos comportaríamos como homens, mas como animais. Aliás, há homens que pervertidos moralmente agem de forma irracional (animal).
Compete a religião ser um caminho de “construção”, renovação, elevar o homem em sua dignidade.
A religião pode ser usada para fins maléficos quando não se baseia nos princípios evangélicos: amor, compaixão, misericórdia, ternura. Na história constatamos que em nome da religião foram promovidas guerras; pessoas inocentes foram mortas. Quando a ética do Evangelho se encontra ausente do universo religioso a religião pode tornar-se instrumento de perversão moral, de opressão e de manipulação do “alter” (outro). A religião deve ser um instrumento que permita o homem sair de seu estado de menoridade, ou seja, deve direcionar a razão para desejar executar somente aquilo que venha a favorecer o bem de todos e todo o bem. Se a religião não realiza essa função deve ser questionada para que não seja construtora de “monstros”, mas de homens éticos.

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