"A TEOLOGIA E SEU DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO"



A teologia se configura como busca do significado da Palavra de Deus e da vida de fé. Na história da Igreja, essa busca se caracterizou de várias formas.
Na época da patrística a teologia é interpretada como atividade intelectual na qual cabia ao teólogo ser um investigador da Revelação, levando em consideração a Tradição vinda dos apóstolos. São estas duas pilastras da teologia patrística: Escritura e Tradição.
Orígenes dará imenso valor as Escrituras. Ele implementará o método “espiritual” ou método “alegórico” de interpretação das Sagradas Escrituras. Para Orígenes por trás de cada texto da Escritura existe um significado oculto que precisa ser descoberto.
Irineu enfatizará mais a Tradição, partindo dos conteúdos da fé para depois examinar os textos das Escrituras.
Na idade moderna dois expoentes da teologia se destacam: Martinho Lutero e Melchior Cano. Como protagonista da Reforma, Lutero considera ser a as Sagradas Escrituras a única fonte da teologia (Sola scriptura). A teologia protestante que florescia afirma que o verdadeiro coração da Bíblia está no drama de pecado e graça.
Em oposição ao pensamento protestante, o dominicano, Melchior Cano, defenderá que existem duas principais fontes teológicas: Sagrada Escritura e Tradição. Essas duas fontes são interpretadas na Igreja pelos sínodos e Concílios. Cano considerou ainda que existem outros lugares onde se pode encontrar um vasto material de relevância doutrinal, como: argumentos da razão, opiniões da filosofia, lições da história humana, liturgia, exemplos de vida de santidade e nas experiências das igrejas regionais.
A teologia a partir Vaticano I (1870) deu uma ênfase aos milagres de Jesus como sinais da credibilidade das verdades reveladas. O método teológico proposto nessa época é o “regressivo”. Este método teológico tinha como ponto de partida da reflexão os ensinamentos da Igreja e tinha como fim provar que tais ensinamentos estavam em conformidade com as seguintes fontes: Escrituras, Tradição, ensinamento dos Padres e documentos do Magistério.
A teologia com o Vaticano II (1962-65) trás uma nova compreensão das fontes teológicas. Escritura, Tradição e Magistério. Segundo a Dei Verbum a Tradição não é apenas um conjunto de doutrinas, mas a herança recebida de Jesus pelos apóstolos. Quanto ao Magistério sua missão consiste num serviço a Palavra. A Escritura é posta como fundamento do trabalho teológico e o seu estudo torna-se a alma da teologia.
Quanto ao método teológico, o Vaticano II propõe um estudo da doutrina como componentes de um todo orgânico e não como elementos isolados.
A teologia do Vaticano II pode ser caracterizada como uma escuta atenta dos testemunhos e na consideração crítica a Palavra revelada.
As Escrituras canônicas tornam-se a fonte primordial da teologia. Nesse sentido, competem aos teólogos as seguintes tarefas: interpretar a Bíblia, buscar o significado original dos textos e compreender o seu significado mais profundo. Porém, os teólogos nunca devem esquecer que estão diante de uma palavra inspirada.
A Tradição cristã é um processo de transmissão continua dos dons dos apóstolos que promovem a santidade e fazem alimentar a fé. Os Padres da Igreja, os concílios, a liturgia e o testemunho de santidade são os três fatores que a teologia utiliza para compreender a Escritura e a Tradição.
Em oposição a Lutero, que afirmava que a Escritura contém sua própria explicação, João Ficher dirá que, para melhor compreensão da Bíblia é preciso levar em consideração os seguintes elementos: Tradição hermenêutica, patrística e os concílios. Em sintonia com o pensamento de Ficher, Newmam argumentará que a escritura não constitui em si mesma um roteiro suficiente para a fé e para a vida, sendo necessária a Tradição proveniente dos apóstolos.

Referência bibliográfica:
WICKS, Jared. Introdução ao método teológico. Tradução de Nadys de Salles Penteado. São Paulo: Loyola, 1999.

Nenhum comentário: