"O Cristo de minha contemplação"


A morte de Jesus é conseqüência de sua missão: Jesus não morre por acaso. Sua opção pelos pobres; sua ternura, sua compaixão pelos marginalizados; seu ensinamento sobre o Reino; sua proposta de vida baseada na lei do amor e nos resgate da pessoa humana para que ela tivesse vida plena (Jo 10, 10), deu-lhe como prêmios: a cruz, o sofrimento e a morte.
No tribunal injusto dos políticos e das autoridades religiosas Jesus é humilhado, surrado, injuriado, caluniado injustamente. Sem advogado, sem testemunhas de defesa, sem amigos, diante de um jure que clama a sua crucificação, é considerado como um dos piores e mais perigosos criminosos, um subversivo da sociedade do seu tempo.
Conforme O evangelista São Lucas (23, 1-5), Jesus foi acusado por quatro crimes: de ordem Social: “Achamos esse homem fazendo subversão entre o nosso povo”; De ordem econômica: “proibindo pagar tributo ao imperador”; De ordem política: “afirmando ser ele o Messias, o Rei” e de ordem Ideológica: “Ele está provocando revolta entre o povo com seu ensinamento”.
Mas que rei é Jesus?
Rei da verdade, da justiça. Não é um rei triunfalista que entra em Jerusalém no seu cavalo. Ele é humilde e pobre, entra montado num jumentinho (Mt 21, 1-11);
Seu reinado não é deste mundo dos prepotentes, dos que fazem do poder sua busca fundamental para dominar, marginalizar;
Ele não tem guardas, aparato militar (Jo 18, 33-37); não tem servos, empregados, mas amigos (Jo15, 15);
Seu poder consiste em servir e não ser servido, pois “ele veio para servir e para dar sua vida como resgate de muitos” (Mt 20, 28). (Jo 13, 4-5);
Suas vestes não são roupas finas dos que moram nos palácios dos reis (Mt 12, 8), mas o avental do serviço (Jo 13, 4 ), a túnica branca de sua dignidade, o manto vermelho do seu martírio. Dele são tiradas suas vestes (Jô 19, 23). Tamanha era a sua pobreza;
Sua morada não era o palácio dos grandes. Era peregrino, não tinha onde repousar a cabeça (Mt 8, 20);
Seu banquete não era como dos poderosos nos seus palácios, que tinham suas mesas fartas, onde se planejava a morte de inocentes (Mt 14, 1-12). Seu banquete era com os simples nos lugares desertos, com aqueles que nada tinham para comer. O seu banquete é o da vida (Mt 14, 13-21);
Seu governo é aberto para todos. Para eles promete a libertação de seus jugos: “Venham para mim todos que estão cansados de carregar o peso do seu fardo, e eu lhes darei descanso” (Mt 11, 28). Não promete bens, mas o único bem, a salvação: “Eu lhe garanto: hoje mesmo você estará comigo no paraíso” (Lc 23, 43);
Sua coroa não é de ouro, mas de espinhos (Jo 19, 2);
Seu trono não é de ouro, não ostenta riqueza. Seu trono é a cruz, onde testemunha sua pobreza, sua entrega, sua humildade seu amor.
O Cristo crucificado da minha contemplação:
Não tem aparência nem beleza: “Tão desfigurado estava que não parecia ser um homem ou ter aspecto humano” (Is 52, 14);
Não recebe honras, prestígios, aplausos e sim, zombarias (Lc 18, 35), insultos (Lc 23, 39);
Não tem poder, riquezas. O Crucificado está despido, se sente abandonado. Eis o seu grito: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? (Mc 15, 34);
Passa privações: Tenho sede! (Jo 19, 28). O Cristo da cruz tem sde de nossa salvação, de nossa libertação. Ao invés de darmos a água do amor, da fidelidade, temos lhe dado o vinagre e o fel da infidelidade, da rejeição. Temos dado o fel e o vinagre do pecado.

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