
O tempo de Deus é diferente do nosso. Seu tempo não é o “kronos”, mas o “Kairós”o tempo oportuno, o momento presente, o tempo da graça.
O apóstolo Paulo nos diz que o tempo é breve (1Cor 7, 29), e que a aparência deste mundo é passageira (1Cor 7, 31).
Tomar consciência de tal realidade nos motiva a viver fazendo o que é de mais nobre para permanecer sem distração junto ao Senhor (1Cor 7, 35).
Todo o dia e o dia todo tudo deve ser consagrado ao Senhor na escuta da sua Palavra: “Toda manhã ele faz meus ouvidos ficar atentos para que eu possa ouvir como discípulo “(Is 50, 4).
A resposta a essa escuta deve traduzir-se em testemunho, interferindo no agir e no ser, de forma que sejamos diferenciados. Diz o apóstolo: “Comportem-se dessa maneira, porque vocês conhecem o tempo, e já é hora de vocês acordarem: a nossa salvação está agora mais próxima do que quando começamos a creditar. A noite vai avançada, e o dia está próximo. Deixemos, portanto, as obras das trevas e vistamos as armas da luz. Vivamos honestamente, como em pleno dia: não em orgias e bebedeiras, prostituição e libertinagem, brigas e ciúmes. Mas vistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não sigam os desejos dos instintos egoístas” (Rm 13, 11-14).
Como as virgens prudentes de que fala o Evangelho (Mt 25, 1-13), o Imitador de Cristo deve manter-se vigilante para não deixar faltar o óleo da fé, da esperança, do amor, da fidelidade, da autenticidade.
Com os olhos fixos em Jesus é preciso deixar de lado tudo o que nos atrapalha de sermos testemunhas. Olhar para Jesus, ele é o modelo que anima o Peregrino Espiritual a perseverar. “Em troca de alegria que lhe era proposta, ele se submeteu à cruz, desprezando a vergonha, e se assentou à direita do trono de Deus. Para que vocês não recusem e não percam o ânimo, pensem atentamente em Jesus, que suportou contra si tão grande hostilidade dos pecadores” (Hb 12, 2-3).
O “kairós” é o tempo adequado para que Peregrino Espiritual seja educado pelo Senhor. Essa educação implica muitas das vezes em passar por sofrimentos.
Como um pai, Deus nos corrige com amor. Por isso, o autor da Carta aos Hebreus, diz: “Meu filho, não despreze a correção do Senhor e não perca o ânimo quando for repreendido por ele; pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho. Em vista da educação é que vocês sofrem. Deus trata-os como filhos. E qual é o filho que não é corrigido pelo Pai? Pelo contrário, se vocês não são corrigidos como acontece com todos, então vocês são bastardos e não filhos” (Hb 12, 5-8).
A correção do Senhor se dá de várias formas. Uma delas é por meio do irmão que aparece no nosso caminho como um instrumento divino que nos ajuda a repensar, refletir, questionar a nossa própria vida. O irmão pode ser causa de salvação, mas também de condenação. Tudo dependerá de minha atitude frente ao outro para progredir nesse ideal de vida plena em Cristo.
Nesse processo educativo que se dá por toda a vida é necessário levar em consideração algumas recomendações, transmitidas pela Palavra de Deus: “Procurem estar em paz com todos. Progridam na santidade, porque sem ela ninguém verá o Senhor”. Vigiem para que ninguém abandone a graça de Deus. “Que nenhuma raiz venenosa cresça no meio de vocês, provocando perturbação e contaminando a comunidade” (Hb 12, 14-15).
Permanecer atento às essas recomendações permitirá que a graça de Deus não passe em vão na vida do Imitador de Cristo, que permanecerá de pé como discípulo fiel até o fim.
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