DISCURSO DA MINHA PRIMEIRA MISSA



Reverendo Pe. Ivan Santos, pároco da Paróquia de Senhora Santana; Reverendo Pe. Raimundo Osvaldo Rocha, vigário cooperador; Reverendo Pe. Roberto Carlos Viera Nunes; Reverendo Pe. Zimar Pinheiro; Reverendo Pe. Dário Torboli; Reverendo Pe. Juciê Braga Avelino; Diácono Erasmo; Religiosas: Ir. Terezinha, Ir. Vilma, Ir. Maria José, Ir. Eliane, Ir. Geraldina, Ir. Lúcia, Ir. Rita, Ir. Ozálio; Religiosos: Ir. Dian Carlos, Ir. Uilaci; Postulante Rodrigo; amados pais, Nita e Manoel; meus irmãos, Luciano Pinheiro, Luciélio, Luciene e Madalena; meus tios, tias, primos e primas, amigos (as) que residem em Luís Gomes e os que vieram de Natal, São Paulo; prezados conterrâneos que aqui se encontram; Estimados paroquianos. A todos vós, Povo amado do Senhor, minha saudação franciscana de paz e bem!

“Fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim” (Gl 2,19-20).

O que dizer neste momento em que me sinto num estado de imensa alegria! Hoje, ao presidir a minha primeira Missa, não sei se fui arrebatado ao céu ou se o céu desceu até mim. Uma coisa eu tenho certeza: Trata-se de um dia muito especial para mim e para aqueles com quem tenho a alegria de partilhar a minha existência.

Sou presbítero da Igreja de Jesus. Não há vocação mais sublime que possamos imaginar. Ser sacerdote é ser um "alter Christi', ou seja, outro Cristo no mundo. É em nome dele que oferecerei o maior e mais perfeito culto de sacrifício, louvor e ação de graças. Santo Agostinho exclamava: "Ó venerável e sagrado poder o das mãos do padre! Ó glorioso ministério! Aquele que me criou a mim, deu-me, se ouso dizê-lo, o poder de o criar a ele; e ele que me criou sem mim, criou-se a si por meio de mim! "
Serei as mãos de Jesus ao abençoar e santificar as oferendas que por vós forem apresentadas. Serei a voz de Cristo ao proclamar e pregar o seu Evangelho. Farei transbordar o seu coração misericordioso quando em seu nome perdoar os pecadores. Farei as vezes de Cristo quando administrar os sacramentos, sinais visíveis da sua presença santificadora. Serei seus pés quando for ao encontro dos que sofrem, dos doentes, dos pobres e excluídos. Portanto, configuro-me a Cristo, em sua vida, crucificação e ressurreição, pois ser presbítero não é título de honra, mas significa, antes de tudo, crucificar-se com Ele.
Hoje, ao presidir pela primeira vez a Eucaristia subi ao calvário com Cristo. De agora em diante, sou interpelado a proclamar para o mundo pelo meu testemunho de vida que já não sou eu que vivo, que rezo, que canto, que abençoou, que trabalho, que sirvo, que batizo, que celebro, mas é Cristo que vive em mim.
A vocação presbiteral é tão bela que o nosso pai São Francisco chegou a dizer que, se acontecesse de encontrar ao mesmo tempo um anjo descido do céu e um sacerdote pobrezinho, saudaria primeiramente o presbítero, e se apressaria em beijar as suas mãos, depois o anjo, pois as mãos do sacerdote seguram a Palavra de Deus e têm um poder mais que humano.
Sinto-me tão pequeno diante de tamanha responsabilidade a mim confiada pela Santa Mãe Igreja. Mas confio naquele que até aqui me ajudou, para que sua graça esteja junto a mim em tudo o que eu pense, fale, sinta e faça.
Sou sacerdote não para mim mesmo, mas para cada um de vocês. Não fui ordenado para ser feliz, mas para fazer vocês felizes. E, na medida em que vos fizer felizes, encontrarei também a minha realização. Fui tirado, como disse o autor da Carta aos Hebreus (5,1) “do meio dos homens e constituído em favor dos homens em suas relações com Deus”. Minha função, portanto, é a de servir. Torno-me um "Servus Servorum Dei", ou seja, servo dos servos de Deus. Meu lugar, como o de Cristo, sacerdote perfeito, não é o palco da fama, do prestígio, dos aplausos, do reconhecimento, do poder, mas, o meu lugar primordial deve ser o presbitério do serviço alegre, humilde e discreto e o púlpito da Palavra, onde não pregarei a mim mesmo, mas a Jesus Cristo. Parafraseando Santo Agostinho, eu vos digo: para vocês sou presbítero, entre vocês, sou um irmão.
Presidir a minha primeira Missa em Luís Gomes é, pois, muito significativo. Foi neste amado chão que nasci, que vivi minha infância, que iniciei meus estudos, que desabrochou a minha vocação. A Paróquia de Senhora Santana foi o útero que me gerou para a Igreja, o berço onde fui alimentado na fé, o canteiro fecundo de onde germinou a semente do desejo pela minha vida religiosa sacerdotal. Nesta Paróquia, fui iniciado na doutrina cristã. Recordo-me com carinho da minha primeira catequista, Benedita, com quem aprendi o gosto pela Sagrada Escritura e pela vida pastoral. Foi em 1989. A partir de então, não consegui me afastar mais da Igreja, engajando-me no grupo de adolescentes (ABC), depois nas equipes de comunicação e liturgia. Foi a minha infância eclesial. Na minha formação espiritual, não poderia deixar de recordar tantas pessoas queridas, como: o Pe. Pedro Lapo – O seu exemplo de sacerdote simples e dedicado aos pobres sempre me encantou. Sua presença em minha vida foi sumamente importante. Obrigado Pe. Pedro, por todo o bem que o senhor realizou em minha vida; Trago vivas na memória do coração tantas pessoas queridas: Ir. Lourdes, Ir. Matilde, Ir. Tarcisia, Ir. Silvéria, Ir. Imaculada, Ir. Vilma, Ir. Gilvânia, Leiliane, Ir. Édna, Irialda, Cristina, Ir. Eliane, Ir. Edenice, Ir. Edilene, Ir. Lúcia Silva, Deda, Pe. Rierson Carlos, Pe. Dário; Os Companheiros (as) de caminhada: Solange Batista, Júlio Filho, Paizinha, Hélio, Luiz, Tereza, Laninha, Vaninha, Jó, Mariluce, Irinelda, Anailson, Aninha, Carlinhos, Jurandir Barbosa, Ciro, Jacinta, Maria de Jesus, Batista, dona Justina, Zefa, Vércia, Damiana, Carminha, Lourdes Morais, Tôtô, seu Antônio, Alzira, seu Pedro, dona Rita, seu Severino, dona Alzeni, Fabiano, Paulo da Cruz, Teófilo, Eliézio, Manassés Pinheiro, Johne, Dian Carlos, Zezinho Silva e tantos outros. Sonhamos e lutamos juntos. Sorrimos e choramos juntos. Tínhamos os mesmos ideais. Como disse o poeta: “belos tempos, belos dias”. Saibam, meus amigos, que todos vocês ocupam um lugar muito especial em meu coração.
Hoje é um dia de ação de graças. Agradeço ao meu Bom e Senhor Deus por todos os benefícios que de suas mãos tenho recebido. Sua misericórdia para comigo foi sempre abundante. Agradeço-vos, Deus amado, por vossa presença, pelo dom da minha vida e vocação.
Meus sinceros agradecimentos aos meus pais Manoel e Nita. Vocês são muito especiais para mim. Meu pai, o senhor em sua simplicidade ensinou-me a virtude do trabalho, instruiu-me acerca da honestidade e do respeito para com todos. Minha mãe, a senhora foi sempre para mim um referencial de sinceridade, autenticidade, simplicidade e solidariedade. A senhora ensinou-me as primeiras lições dos livros e da vida. Na sua cartilha, aprendi a soletrar a palavra obrigado. Na sua tabuada, aprendi a dividir, repartir, partilhar, a somar amizades e experiências positivas, a subtrair inimizades e experiências negativas. Na sua gramática, aprendi a conjugar o verbo amar. No seu catecismo, descobri a beleza de se crer em Deus. No dicionário de minha mãe, minha primeira professora, aprendi que algumas palavras, como: humildade, simplicidade, caridade, gentileza, respeito e sinceridade, não posso deixar de escrevê-las no caderno da minha existência. Minha mãe, guardo com carinho a carta que a senhora escreveu quando parti para o Instituto Jesus Missionário dos Pobres, dando suas últimas instruções e bênção. Foi em 1999. Já se passaram quase 13 anos. No entanto, tenho carregado vivo em minha mente e no meu coração o que a senhora me escreveu, a saber: "Que Deus te acompanhe e guie os seus passos: seja humilde e caridoso, não seja egoísta, seja um padre santo; Deus ponha as mãos em cima de você [...]. Estão perdoadas todas as suas falhas. Também peço perdão pelas minhas [...]. A bênção de sua mãe. Seja um bom sacerdote [...]. Adeus meu Filho. Nita".
Aos meus irmãos: Luciano, Luciélio, Luciene e Madalena, meus agradecimentos pelo apoio e incentivo. Vocês são para mim pérolas preciosas, flores que perfumam o jardim do meu coração. Com a presença de vocês a minha vida tem muito mais sentido. Saibam que eu tenho muito orgulho de todos vocês. Ao agradecer aos irmãos, não poderia deixar de mencionar um quinto irmão: o professor Dr. Gleydson. Não precisa dizer a enorme consideração que tenho por você. Sua presença faz com que a viagem passageira da minha vida seja muito mais significativa e feliz.
Agradeço ainda a minha amada e numerosa família: aos meus avós paternos (Maria Joaquina e Rufino); aos avós maternos (Francisco Filipe e Francisca Pinheiro); aos meus tios e tias, primos e primas, cunhado e cunhada. Teria o prazer de pronunciar o nome de cada um, mas o tempo não me permite. Porém, gostaria de mencionar os que partiram para a Casa do Pai: tia Francinete, tia Aparecida, Tio Antônio e meu primo Normando e Ediglê. Que Deus vos recompense por todo o bem.
Minha gratidão aos meus ex-professores, de modo particular minha primeira professora, Luzeni Costa. Às instituições de ensino onde estudei: Escola Estadual Coronel Fernandes, Colégio Comercial Luís Gomes (hoje Colégio Municipal Pe. Raimundo Osvaldo Rocha), Colégio Pe. Rolim de Cajazeiras, Colégio Sagrada Família de Brasília. Aos colegas, diretores e funcionários das instituições mencionadas, meu muito obrigado por todo o bem que vocês me proporcionaram.
Obrigado à Paróquia de Senhora Santana e seu pároco, Pe. Ivan, que sempre me acolheu com muito carinho quando por aqui passava de férias. Ao Pe. Osvaldo pelo incentivo que sempre tem me dado para perseverar na vocação; aos grupos, agentes de pastorais e religiosas dessa paróquia.
Agradeço imensamente às congregações religiosas: Irmãs Missionárias da Sagrada Família e ao seu fundador Pe. Cleides; Fraternidade Santo Estevão, Irmãs Missionárias Carmelitas, Instituto Jesus Missionário dos Pobres e ao seu fundador Pe. Gervásio Fernandes de Queiroga e demais membros com os quais fiz a minha primeira experiência na Vida Religiosa.
Um agradecimento muito especial aos irmãos presbíteros que partilham da minha alegria na mesa da Eucaristia: Pe. Roberto Carlos, meu primo, Pe. Zilmar Pinheiro, Pe. Juciê; aos confrades frei Gilson e Luciano, pessoas especiais com quem convivi e estudei durante quatro anos.
Agradeço ainda: ao Luciano Pinheiro, Luciene, Madalena, Birita, Gracinha, Francisco Viera e Nairton Vieira pelo apoio na realização da minha ordenação presbiteral; à equipe de liturgia e canto desta paróquia; Ao Ir. Dian Carlos, Michael e Anazete pela organização desta celebração.
Por fim, agradeço aos amigos antigos e novos, aos conhecidos, conterrâneos, a todos vocês que durante esses anos todos colaboraram comigo das mais diversas formas possíveis. De vocês fui agraciado com orações, carinho e ajuda financeira. Que Deus em sua infinita bondade possa retribuí-los com saúde e paz. Quero, no altar do sacrifício, oferecer cotidianamente, junto com o pão e o vinho, as suas vidas em forma de louvor e ação de graças.
O famoso frade Capuchinho, São Padre Pio dizia que, "O Sacerdote, ou é um Santo, ou é um demônio. Ou santifica, ou arruína". Ao meditar essas palavras, tomo consciencia da grande responsabilidade que Deus me confia. Sei, que como os demais homens, sou fraco e limitado. Porém, coloco a minha confiança no Senhor que me chamou, para que eu possa fazer do meu ministério presbiteral um oficio de amor e de fidelidade. Reafirmo diante de Deus e diante de cada um de vocês o meu propósito de consagrar-me para o louvor de sua glória e edificação de seu reino de amor e paz.
Conto com as orações de cada um de vocês para que eu possa proclamar cotidianamente pelos meus pensamentos, sentimentos, palavras e ações que, "fui crucificado junto com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim'.
Que Deus vos abençoe! Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!
















Um comentário:

Tiago de Assis Batista disse...

Parabéns pela sua ordenação. Tenha um apostolado fecundo.

Mas , afinal, vocês quis dizer que o sacerdote é outro Cristo ou outro de cristo?

Outro Cristo (em latim) diz-se: Alter Christus.
Alter Christi (caso genitivo)traduz-se como "outro de Cristo".