"AS MATRIARCAS DA BÍBLIA"


Mas a história não é concretizada somente a partir dos homens. As mulheres deram sua grande e frutuosa contribuição. Porém, foram esquecidas, colocadas à margem pelos redatores dos acontecimentos bíblicos, por se tratar de uma sociedade tipicamente patriarcal, que tem o homem como sujeito determinador nas relações sociais.
A tradição bíblica de Israel não se esquivou de fazer um juízo depreciativo da mulher: E eu, acho mais amarga do que a morte uma mulher que é uma armadilha, seu coração uma rede, suas mãos laços; quem agrada a Deus escapará dela, o pecador porém, será sua presa (Ecl 7, 26). Uma mentalidade peculiar da sociedade patriarcal e machista que via a mulher como perigosa, sedutora e insensata (Ecl 7, 28).
Na narrativa da criação elaborada pela Tradição Javista (Gn 2), a mulher aparece como o último ato da ação criadora de Deus. E ainda, atribui-se a mulher a culpabilidade pela origem do pecado (Gn 2, 6), do seu próprio sofrimento e submissão (Gn 3, 16). A mulher é apresentada como um ser guiado pelo desejo e não pela razão (Gn 3, 6-7).
A mulher era marginalizada na sociedade judaica nas seguintes situações:
Quando ela era estéril: A esterilidade era vista como castigo de Deus. Se a mulher não procriava era sinal que Deus não a havia abençoado. Uma mulher morrer virgem na sociedade judaica era vergonhoso (Jz 11, 37-40);
Quando a mulher era estrangeira: Uma das grandes preocupações do povo de Israel era com miscigenação com povos estranhos. A proibição de tomar uma mulher estrangeira como esposa era uma maneira de coibir a entrada de costumes estrangeiros entre o povo de Israel. Um casamento não se trata apenas de uma união conjugal, mas implicava na importação da cultura, da religião, dos costumes. Após o exílio da Babilônia, com a reforma de Esdras, a mulher estrangeira foi posta à margem das relações matrimonias. Na tentativa de estabelecer um judaísmo puro, Esdras convoca todos os judeus casados a dar certidão de divórcio para as suas esposas estrangeiras (Esd 9-10);
Quando a mulher era adúltera. Segundo a Torá (Pentateuco) qualquer mulher que fosse pega cometendo adultério deveria ser apedrejada (Jo 8, 1-11);
Quando a mulher era viúva. A mulher viúva era abandonada pela sociedade de Israel uma vez que seu valor consistia enquanto estava ligada ao esposo. Algumas mulheres viúvas passavam a viver em extrema miséria (1Rs 17, 7-16 );
Quando a mulher era prostituta. À mulher prostituta era negado o direito de casar-se com os sacerdotes para que eles não se tornassem impuros (Lv 21, 7). O povo infiel é comparado a uma prostituta (Ap 17, 1).

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