
Na atualidade tem se falado bastante sobre ética. Mas o que venha ser a ética?
A palavra ética tem sua origem no grego “ethos”. (ethiké) e significa: morada, habitat, modo de ser. Esta palavra quando escrita com a letra do alfabeto grego “Eta” significava costumes e hábitos. Já quando se escrevia com o “epsilon” indica além de costumes e hábitos, comportamentos associados ao temperamento.
Compreende-se a Ética como morada, costume ou comportamento. Agir eticamente consiste em uma práxis que tenha como finalidade a concretização do bem, do belo, do bom. Nesse sentido Ética e vida devem andar sempre juntas, ao contrário, não passará de teorias ou princípios vazios.
Ética está direcionada ao campo da ciência filosófica tendo como preocupação as ações dos homens e seus valores. A Ética se apresenta como uma reflexão sobre as condutas e valores morais. Seu objeto de análise é o próprio homem enquanto ser que se relaciona com o mundo, com as pessoas, com o meio.
A Ética na antiguidade clássica era compreendida a partir da dimensão estética, ou seja, a partir do pensar e agir segundo os princípios que conduza o homem a prática do bem.
Partindo do princípio, que todos os homens buscam a felicidade, Platão coloca a felicidade no centro das preocupações éticas. A ética platônica se caracteriza pela idéia de Sumo bem, da vida Divina, contemplação e virtudes. Praticar as virtudes é a coisa mais preciosa para homem, segundo Platão. As principais virtudes que devem nortear a vida do homem, na concepção de Platão, são: Justiça (dike), que ordena e harmoniza, a prudência (frônesis), que orienta para os bens divinos, a fortaleza ou valor (andréia), que faz com que as paixões mais nobres predominem e a temperança (sofrosine), como uma virtude da serenidade, do autodomínio.
Já a ética Aristotélica e caracteriza por ser finalista. Ela é marcada pelos fins que devem ser alcançados para que o homem atinja a felicidade.
Para Aristóteles o homem o seu ser no viver, no sentir a razão e não basta viver, mas viver racionalmente, de acordo com a razão. Essa razão deve ter como companheira as virtudes para que não seja desordenada. Na obra Ètica a Nicômaco, Aristóteles afirma que os verdadeiros prazeres do homem são ações que estão em conformidade com a virtude. Para Aristóteles a virtude é um hábito adquirido, uma espécie de segunda natureza. O homem virtuoso, segundo Aristóteles, ele é prudente, sensato, que julga conforme a reta razão e a experiência.
Para o filósofo Aristóteles não basta viver, mas viver racionalmente, de acordo com a razão. Essa razão deve ter como companheira as virtudes para que não seja desordenada.
Na Idade Média a Ética será compreendida dentro de uma dimensão religiosa. As leis que regiam os comportamentos éticos eram as da Religião Católica Romana, como bem retrata o filme “Em Nome da Rosa”. Em nome de uma “Ética Católica” daquela época, muitas pessoas foram mortas, queimadas na fogueira. Um bom cumpridor das normas religiosas era considerado um bom agente ético. O que motivava uma vivência ética era o “temor a Deus”. O ideal ético consistia em viver para conhecer, amar e servir a Deus, diretamente nos seus irmãos. Nessa época dois filósofos se destacaram: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.
Na modernidade, com a proclamação da “morte de Deus”, ou seja, quando já não é mais visto como necessária uma força regulamentadora da ação humana, nasce uma “Ética laica”. Esta ética terá a razão como a principal autoridade responsável pelo agir ético.
Na modernidade um dos filósofos que nos deixou uma reflexão no campo da Ética foi o alemão, Emanuel Kant (1724 – 1804). Segundo Kant o sujeito racional deve agir conforme o dever.
Para Kant nem toda ação, mesmo que seja positiva, pode ser considerada ética. Não basta fazer uma boa ação, mas é preciso se perguntar, com qual fim ou interesse, o indivíduo foi levado a agir. Se a ação foi motivada por interesse, baseada em “condições”, não tem nenhum valor moral. Na concepção de Kant não basta fazer algo bom agir como pessoa moral, mas é a maneira como se faz e quais objetivos estão implicados na ação.
A sociedade atual está carente de uma ação ética que tenha como fim o bem. Na política, na religião, nas relações humanas, a Ética tem sidi trata dentro de uma compreensão relativista. Há uma ausência de uma Ética que tenha como fundamento a realização do conjunto dos indivíduos.
Na contemporaneidade muitos têm compreendido e vivenciado a Ética a partir de uma perspectiva individualista e interesseira.
Os fatos políticos recentes têm mostrado que ética e política têm caminhado divorciadas. Cada vez mais aquela que deveria ser a promotora do bem comum (política) se articula sem os princípios éticos necessários, fundamentais para direcionar, questionar, qualquer ação humana.
Essa dicotomia entre ética e política acaba criando uma sociedade em que os valores de justiça, honestidade, responsabilidade, cuidado, são descartados.
Na política a Ética é extinguida quando os interesses individuais ou de pequenos grupos são postos acima dos interesses da coletividade. Nesse sentido temos atualmente uma pseudo política, pois não leva em conta a promoção do bem do homem.
Quando a política se desvincula dos princípios éticos, buscando apenas o fim sem levar em conta os meios, ela torna-se causadora da “barbárie”, do caos. Quando a política se articula fora dos parâmetros da ética, roubar, mentir, corromper, tornam-se práticas comuns associadas diretamente a figura do político.
“A Ética neoliberal” se fundamenta no lucro, na acumulação de capital. O valor do indivíduo é visto a partir de sua capacidade de produção. Um bom cidadão não é visto como aquele que age eticamente, moralmente, honestamente, mas o que é capaz de produzir bens de consumo. Nesse sentido a ética neoliberal é utilitarista.
Essa ética é responsável pela produção de uma grande massa de excluídos e pela gestação de milhares de miseráveis, uma vez que nem todos conseguem se enquadrar nesse sistema de acumulação.
A ética neoliberal é individualista, desprovida de qualquer sensibilidade para com aqueles que estão mergulhados numa condição de miséria. Sua finalidade não está nos interesses de bem estar da coletividade, mas de poucos indivíduos, que em busca do domínio do poder e do ter é capaz de mutilar milhares de vidas humanas inocentes.
A ética neoliberal se configura ainda pela livre concorrência, onde cada um vive numa constante luta pela defesa de seus interesses contra os interesses dos outros. A ética neoliberal privilegia exageradamente o material sem levar em consideração o humano.
A sociedade moldada segundo o modelo neoliberal, está carente de uma ação ética que tenha como fim o bem. Na política, nas relações humanas, a ética tem sido tratada dentro de uma compreensão relativista.
Penso que é hora de resgatar valores éticos abandonados pelo homem moderno para podermos inaugurar uma sociedade mais justa e fraterna.
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