A história de Abraão e Sara encontra-se nos capítulos 12-25 do livro do Gênesis. Dos cinqüenta capítulos desse livro são reservados treze com relatos sobre as suas vidas e família, o que demonstra suas grande importância na História do Povo de Israel.
A história dos patriarcas é uma história dentro de outra história mais ampla. Seu foco principal é a experiência religiosa particular de uma família, de um povo, e não a totalidade dos fatos históricos. Essa história não é linear, progressiva, mas sim, se configura a partir de rupturas, de uma descontinuidade.
Antes de ser escrita, a história dos patriarcas foi assunto de conversa nas famílias, nas reuniões e celebrações dos clãs e tribos, durante um longo percurso chamado de tradição oral. A Tradição oral terá seu término por volta de 1.100 a.C., quando aparecem os primeiros fragmentos escritos do Antigo Testamento, a saber: o Cântico de Débora (Jz 5), os Mandamentos (Ex 20, 1-21) e o Código da Aliança (Ex 20, 22-23, 9).
O Povo de Israel por muito tempo guardou essas memórias para que servissem de instrução para as gerações futuras. A memória possibilitava a iluminação do presente, por exemplo, tomar decisões futuras. Era comum entre o Povo de Israel, diante de uma decisão a ser tomada ou de um compromisso a ser firmado entre as tribos, fazer um “memorial” da sua própria história, para que o povo não se esquecesse do pacto feito com Deus por meio de seus antepassados (Js 24).
Essa memória era de suma importância, de tal forma que se tornou um credo, uma profissão de fé no Deus que agiu e que continuava a agir nas suas vidas. Esse credo devia ser repetido e confessado todas as vezes que se reuniam para dar graças a Javé que lhes concede a terra; e trazia em si mesmo um resumo da ação de Deus na história de seu povo:
Meu pai era um arameu errante. Ele desceu ao Egito, onde viveu como migrante, com um pequeno número de pessoas que o acompanhavam. Lá ele se tornou uma grande nação, forte e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, nos reduziram à pobreza, nos impuseram dura servidão.
Então, clamamos ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor escutou nossa voz, viu qão pobres éramos, infelizes e oprimidos.
O Senhor nos fez sair do Egito com sua mão forte e seu braço estendido, por meio de grande terror, sinais e prodígios; e nos fez chegar a este lugar, deu-nos esta terra, terra que mana leite e mel.
E agora, eis que trago as primícias dos frutos do solo que me deste, Senhor! (Dt 26, 5-10).
A cada etapa de sua história o povo sentia a necessidade de recordar, passar novamente (re) pelo coração (cor) a experiência vivida pelos seus antepassados. Principalmente nos tempos de crises o povo se reporta ao passado, procurando uma explicação para uma tal situação de sofrimento.
Umas das crises que o Povo de Israel enfrentou foi o Exílio da Babilônia. Esse fato aconteceu em 537 (ou 536), quando o rei babilônico, Nabucodonosor, invade Jerusalém, capital do Reino de Judá, destrói o templo, símbolo maior da religião de Israel, arrasa a cidade e leva cativas as pessoas mais influentes (Jr 39, 9), deixando apenas em Jerusalém numa situação extrema de miséria o “resto de Israel” (Jr 39, 10).
No exílio o povo se vê envolvido numa situação de trevas (Lm 3, 2), de abandono; tornou-se motivo de zombaria (Lm 2, 15). Seus sofrimentos chegaram ao extremo, de forma que ele estava desfigurado (Is 53, 2). Como “ossos secos” espalhados pelo vale de morte, assim se encontrava o Povo de Deus (Ez 37, 1-2).
O Exílio da Babilônia foi uma experiência dramática para o povo de Israel: perda da terra, identidade ameaçada de extinção, crises de fé no Deus libertador.
O exílio vai ser interpretado como maldição de Deus. Dizia o povo: “Javé nos abandonou”, “o Senhor nos esqueceu” (Is 49, 14), “tornou-se inimigo” (Lm 2, 4). O povo se via sem referências políticas e religiosas: “Já não temos chefes e nem profetas” (Lm 2, 9 ; Sl 74, 9), reclamava. Ora, para animar a esperança desse povo, para mostrar que as promessas de Deus de uma terra, de uma descendência, não falharam e que Ele continuava a abençoar seu povo, foi necessário fazer uma interpretação de sua própria situação voltando às origens, ao embrião de onde saíram, à aliança primeira:
Escutai-me, vós que perseguis a justiça, vós que procurais o Senhor: Olhai o rochedo do qual fostes talhados, e o fundo da pedreira da qual fostes tirados;
Olhai Abraão, vosso pai e Sara que vos pôs no mundo; com efeito, ele estava só quando eu o chamei: eu o abençoei, eu o multipliquei (Is 51, 1-2).
Essa memória brilhou como uma luz de esperança de forma que o povo desanimado tomasse consciência que Deus não o abandonou, mas que continuava a abençoá-lo e que estava disposto a torná-lo uma grande nação.
A escrita das narrativas sobre os patriarcas surge, portanto, a partir da necessidade de se fazer memória, como também, de fazer com que essa memória permanecesse viva, presente em suas vidas e nas dos seus descendentes.
A história dos patriarcas é uma história dentro de outra história mais ampla. Seu foco principal é a experiência religiosa particular de uma família, de um povo, e não a totalidade dos fatos históricos. Essa história não é linear, progressiva, mas sim, se configura a partir de rupturas, de uma descontinuidade.
Antes de ser escrita, a história dos patriarcas foi assunto de conversa nas famílias, nas reuniões e celebrações dos clãs e tribos, durante um longo percurso chamado de tradição oral. A Tradição oral terá seu término por volta de 1.100 a.C., quando aparecem os primeiros fragmentos escritos do Antigo Testamento, a saber: o Cântico de Débora (Jz 5), os Mandamentos (Ex 20, 1-21) e o Código da Aliança (Ex 20, 22-23, 9).
O Povo de Israel por muito tempo guardou essas memórias para que servissem de instrução para as gerações futuras. A memória possibilitava a iluminação do presente, por exemplo, tomar decisões futuras. Era comum entre o Povo de Israel, diante de uma decisão a ser tomada ou de um compromisso a ser firmado entre as tribos, fazer um “memorial” da sua própria história, para que o povo não se esquecesse do pacto feito com Deus por meio de seus antepassados (Js 24).
Essa memória era de suma importância, de tal forma que se tornou um credo, uma profissão de fé no Deus que agiu e que continuava a agir nas suas vidas. Esse credo devia ser repetido e confessado todas as vezes que se reuniam para dar graças a Javé que lhes concede a terra; e trazia em si mesmo um resumo da ação de Deus na história de seu povo:
Meu pai era um arameu errante. Ele desceu ao Egito, onde viveu como migrante, com um pequeno número de pessoas que o acompanhavam. Lá ele se tornou uma grande nação, forte e numerosa. Mas os egípcios nos maltrataram, nos reduziram à pobreza, nos impuseram dura servidão.
Então, clamamos ao Senhor, o Deus de nossos pais, e o Senhor escutou nossa voz, viu qão pobres éramos, infelizes e oprimidos.
O Senhor nos fez sair do Egito com sua mão forte e seu braço estendido, por meio de grande terror, sinais e prodígios; e nos fez chegar a este lugar, deu-nos esta terra, terra que mana leite e mel.
E agora, eis que trago as primícias dos frutos do solo que me deste, Senhor! (Dt 26, 5-10).
A cada etapa de sua história o povo sentia a necessidade de recordar, passar novamente (re) pelo coração (cor) a experiência vivida pelos seus antepassados. Principalmente nos tempos de crises o povo se reporta ao passado, procurando uma explicação para uma tal situação de sofrimento.
Umas das crises que o Povo de Israel enfrentou foi o Exílio da Babilônia. Esse fato aconteceu em 537 (ou 536), quando o rei babilônico, Nabucodonosor, invade Jerusalém, capital do Reino de Judá, destrói o templo, símbolo maior da religião de Israel, arrasa a cidade e leva cativas as pessoas mais influentes (Jr 39, 9), deixando apenas em Jerusalém numa situação extrema de miséria o “resto de Israel” (Jr 39, 10).
No exílio o povo se vê envolvido numa situação de trevas (Lm 3, 2), de abandono; tornou-se motivo de zombaria (Lm 2, 15). Seus sofrimentos chegaram ao extremo, de forma que ele estava desfigurado (Is 53, 2). Como “ossos secos” espalhados pelo vale de morte, assim se encontrava o Povo de Deus (Ez 37, 1-2).
O Exílio da Babilônia foi uma experiência dramática para o povo de Israel: perda da terra, identidade ameaçada de extinção, crises de fé no Deus libertador.
O exílio vai ser interpretado como maldição de Deus. Dizia o povo: “Javé nos abandonou”, “o Senhor nos esqueceu” (Is 49, 14), “tornou-se inimigo” (Lm 2, 4). O povo se via sem referências políticas e religiosas: “Já não temos chefes e nem profetas” (Lm 2, 9 ; Sl 74, 9), reclamava. Ora, para animar a esperança desse povo, para mostrar que as promessas de Deus de uma terra, de uma descendência, não falharam e que Ele continuava a abençoar seu povo, foi necessário fazer uma interpretação de sua própria situação voltando às origens, ao embrião de onde saíram, à aliança primeira:
Escutai-me, vós que perseguis a justiça, vós que procurais o Senhor: Olhai o rochedo do qual fostes talhados, e o fundo da pedreira da qual fostes tirados;
Olhai Abraão, vosso pai e Sara que vos pôs no mundo; com efeito, ele estava só quando eu o chamei: eu o abençoei, eu o multipliquei (Is 51, 1-2).
Essa memória brilhou como uma luz de esperança de forma que o povo desanimado tomasse consciência que Deus não o abandonou, mas que continuava a abençoá-lo e que estava disposto a torná-lo uma grande nação.
A escrita das narrativas sobre os patriarcas surge, portanto, a partir da necessidade de se fazer memória, como também, de fazer com que essa memória permanecesse viva, presente em suas vidas e nas dos seus descendentes.
4 comentários:
coisa de gay
AMADO IRMÃO FREI RUFINO, GRAÇA E PAZ DA PARTE DE DEUS ALTÍSSIMO. sou Teólogo E HISTORIADOR, GOSTEI MUITO DA SUA POSTAGEM, DEUS TE ILUMINE SEMPRE. MARCIO RIGOR.
AMADO IRMÃO FREI RUFINO, GRAÇA E PAZ DA PARTE DE DEUS ALTÍSSIMO. sou Teólogo E HISTORIADOR, GOSTEI MUITO DA SUA POSTAGEM, DEUS TE ILUMINE SEMPRE. MARCIO RIGOR.
AMADO IRMÃO FREI RUFINO, GRAÇA E PAZ DA PARTE DE DEUS ALTÍSSIMO. sou Teólogo E HISTORIADOR, GOSTEI MUITO DA SUA POSTAGEM, DEUS TE ILUMINE SEMPRE. MARCIO RIGOR.
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